Governo alemão aceita enviar mísseis Patriot e soldados para a fronteira entre Turquia e Síria
O governo alemão anunciou nesta quinta-feira que aceita enviar baterias de mísseis Patriot e 400 soldados para a Turquia para proteger o país de eventuais ataques do regime de Bashar Al-Assad, alinhando-se a uma decisão da Otan. A rede de televisão americana NBC afirmou que o exército sírio está carregando bombas com gás sarin para serem lançadas por avião. A secretária de Estado americana Hillary Clinton se encontra nesta quinta-feira com o chanceler russo Serguei Lavrov e com o emissário internacional Lakhdar Brahimi para discutir a situação na Síria.
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O conselho dos ministros alemão realizou uma reunião excepcional para validar o projeto de enviar mísseis Patriot e 400 soldados para a Turquia, com um mandato limitado até 31 de janeiro de 2014. Essa decisão ainda deve ser confirmada pelos deputados da câmara baixa do parlamento alemão, o Bundestag.
Na Alemanha, o exército está sob o controle do parlamento, que deve se pronunciar sobre todas as suas operações no exterior. Neste caso, o governo alemão espera obtenir um sinal verde dos deputados entre os dias 12 e 14 de dezembro, segundo um comunicado divulgado nesta quinta-feira.
A intervenção alemã, enquadrada pela Otan, "tem um objetivo exclusivamente defensivo" e de "dissuasão militar para evitar que o conflito interno na Síria não se estenda à Turquia", enfatizou o ministério no texto.
Armas químicas
A rede de televisão NBC afirmou na noite desta quarta-feira que o exército sírio está se preparando para lançar bombas com gás sarin. Citando fontes de alto escalão do governo americano que preferem o anonimato, a NBC disse que as bombas com o gás tóxico mortal ainda não foram posicionadas nos aparelhos. Outra rede de tevê americana, a CNN, afirma que os serviços de informação de Israel, da Turquia e até do Líbano estão em contato com os americanos para discutir uma eventual ação.
Na terça-feira, uma fonte americana disse à Agência France Presse que havia vários indícios apontando para o uso militar do gás sarin pelo regime sírio. Diante das evidências, o presidente Barack Obama alertou a Síria de que o uso de armas químicas é inaceitável e teria "consequências" para o regime.
A diplomacia americana informou na quarta-feira que não tem conhecimento de propostas concretas de asilo político feitas por países da América Latina para o presidente sírio. Informações divulgadas pela imprensa indicam que emissários de Bashar Al-Assad estiveram na Venezuela, em Cuba e no Equador discutindo um eventual exílio para o líder e sua família.
Negociação
O emissário internacional para a Síria, Lakhdar Brahimi, deve se encontrar na tarde desta quinta-feira em Dublin com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, e com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, segundo fontes diplomáticas em Moscou.
O objetivo é buscar um acordo que permita avançar nas negociações para colocar um fim no conflito. O encontro vai acontecer durante uma reunião da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa.
Essa discussão acontece antes de um reunião na próxima semana em Marrakech, no Marrocos, do grupo dos países Amigos da Síria, que devem decidir reforçar o apoio aos rebeldes em luta contra o governo de Bashar al-Assad.
Lakhdar Brahimi deseja que as potências mundiais se entendam sobre a adoção de uma resolução pelo Conselho de Segurança da ONU baseada em um acordo concluído em junho em Genebra prevendo a instauração de um governo de transição para solucionar esse conflito que já dura 20 anos.
A declaração de Genebra, adotada quando Kofi Annan ainda era o mediador nesse conflito, propõe uma administração de transição mas não especifica qual seria o eventual papel atribuído a Bashar al-Assad.
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