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Paquistão/Terrorismo

Ativista adolescente baleada pelos talibãs no Paquistão continua em estado crítico

A militante paquistanesa Malala Yousufzai, de 14 anos, continua em estado crítico depois de ter sido operada para retirada de uma bala de seu ombro. Ela foi vítima de um atentado cometido por rebeldes islâmicos. O governo provincial anunciou uma recompensa por informações que levem à captura dos responsáveis pelo atentado.

A jovem ativista Malala Yousufzai, 14 anos, foi atingida por talibãs.
A jovem ativista Malala Yousufzai, 14 anos, foi atingida por talibãs. ©Reuters.
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Malala Yousufzai foi atacada nesta terça-feira em pleno dia por combatentes do Movimento dos Talibãs do Paquistão, aliado da rede terrorista Al-Qaeda, em Mingora, a principal cidade do vale de Swat, controlada pelos rebeldes até 2009.

O governo da província ofereceu nesta quarta-feira uma recompensa de 10 milhões de rúpias (o equivalente a R$ 212 mil), por qualquer informação que possa levar à prisão dos responsáveis pelo atentado.

Médicos locais haviam indicado após um primeiro exame que a adolescente estaria "fora de perigo" porque a bala que atingiu seu crânio não chegou ao cérebro, mas médicos de um hospital de Peshawar, uma grande cidade do noroeste do país para onde ela foi transportada, julgaram em seguida que seu estado é "crítico".

Malala foi operada na terça-feira à noite para retirada de uma bala alojada em seu ombro, onde ela também havia sido atingida. Uma equipe de médicos paquistaneses examinou a jovem militante nesta quarta-feira para determinar se ela necessitaria de tratamento médico no exterior.

"Ela está em um estado crítico, mas os médicos avaliam que ela não pode ser transportada para um país estrangeiro neste momento", disse uma autoridade paquistanesa. Um tio da adolescente, Saeed Ramzan, informou que ela ainda estava inconsciente. "Daqui a dois dias os médicos vão decidir se ela será transferida ou não para um país estrangeiro para fazer novos tratamentos", disse ele.

Malala Yousufzai ficou conhecida no mundo inteiro em 2009, aos 11 anos, ao denunciar em um blog em urdu (língua oficial do Paquistão) da BBC as violências cometidas pelos talibãs, que incendiavam as escolas para meninas e assassinavam seus opositores no vale de Swat e nas regiões vizinhas desde 2007.

No ano passado ela recebeu o primeiro prêmio nacional para a paz criado pelo governo paquistanês e foi  uma das finalistas do prêmio internacional das crianças para a paz da fundação holandesa Kids Rights.

Os talibãs reivindicaram nesta terça-feira o atentado contra a adolescente, mas nesta quarta-feira se justificaram por esse ato condenado por unanimidade pelos Estados Unidos, a França, as organizações de defesa dos direitos humanos, o governo e a imprensa no Paquistão.

"O Movimento dos Talibãs paquistaneses não acredita em ataques específicos contra mulheres, mas qualquer um que dirija uma campanha contra o Islã e a charia (lei islâmica) deve ser assassinado", disse o porta-voz do grupo, Ihsanullah Ihsan, à agência France Presse em uma mensagem eletrônica. Ele acrescentou que a idade de Malala Yousufzai não era um motivo de clemência.

Pequenas manifestações em apoio a Malala aconteceram nesta quarta-feira em todo o Paquistão. Os deputados paquistaneses suspenderam seus trabalhos para condenar esse ataque e rezar pela recuperação da adolescente, que "é um modelo para todo o país", segundo a ministra das Relações Exteriores, Hina Rabbani Khar.

O chefe do exército paquistanês, o general Ashfaq Kayani, visitou a adolescente e pediu um reforço da luta contra o terrorismo. O Paquistão, um país muçulmano de 180 milhões de habitantes, assiste a um aumento do fundamentalismo religioso e se encontra na linha de frente da guerra americana contra o terrorismo.

As zonas tribais do noroeste do país, que fazem fronteira com o Afeganistão, são consideradas como um santuário pelos talibãs e outros movimentos ligados à Al-Qaeda. As autoridades americanas acusam o exército paquistanês de não se esforçar o bastante para expulsar esses grupos rebeldes.

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