Entre comemoração e tensão, líbios fazem primeiro pleito pós-Kadafi
Os líbios foram às urnas neste sábado para eleger uma assembléia nacional, nove meses após a queda do ditador Muamar Kadafi, que governou o país com mão de ferro durante décadas. A semana antes do pleito foi marcada por tensões no leste do país, onde manifestantes pedem mais autonomia e maior representatividade na nova assembleia.
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Os líbios elegerão os 200 membros do primeiro Congresso Geral Nacional, que deverá nomear um novo governo e um comitê de especialistas encarregado de redigir um projeto de Constituição. Em seguida, o documento será submetido a referendo.
Os colégios eleitorais na capital Trípoli abriram pontualmente às 8h da manhã e os eleitores faziam fila para chegar às urnas, alguns dele levando as bandeiras negras, vermelhas e verdes da revolução. As mesquitas faziam soar a todo volume as saudações a Alá.
A semana foi marcada por tensões no leste do país, onde os partidários de uma maior autonomia pedieram o boicote da votação e ameaçaram sabotar as eleições para denunciar a divisão de cadeiras da futura assembleia (100 vagas para o oeste, 60 para o leste e 40 para o sul).
As tensões culminaram na morte, na sexta-feira, de um funcionário da Comissão Eleitoral após disparo de arma contra um helicóptero que levava material para as eleições na região de Hauari, sul de Benghazi, a principal cidade do leste. Partidários do federalismo fecharam o terminal petroleiro de Ras Lanouf na quinta-feira.
Mesmo que ainda não haja data para o anúncio dos resultados, uma vez que a nova assembleia tenha realizado sua primeira sessão, o Conselho Nacional de Transição (CNT), que dirige a Líbia desde a queda do regime Kadhafi, terá que renunciar.
De um total de seis milhões de habitantes, 2,7 milhões de líbios estão aptos a votar. Os resultados serão anunciados a partir de segunda ou terça-feira, segundo a Comissão Eleitoral.
O presidente da Comissão Suprema Eleitoral da Líbia, Nouri al Abar, disse neste sábado em entrevista coletiva que 101 colégios eleitorais dos 1.554 localizados em todo o país não abriram suas portas por razões técnicas ou de segurança. Ele informou que 94% dos colégios receberam normalmente os eleitores.
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