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Síria/violência

Corpos de jornalistas mortos em Homs são devolvidos a França e EUA

Os corpos da jornalista americana Marie Colvin e do fotógrafo francês Remi Ochlik, mortos no dia 22 de fevereiro em um bombardeio em Homs, foram entregues neste sábado às embaixadas da França e da Polônia, que representa os interesses dos Estados Unidos no país. Os americanos fecharam a representação diplomática na Síria no início de fevereiro.

O fotógrafo francês Remy Ochlik e a correspondente de guerra americana Marie Colvin, mortos em Homs.
O fotógrafo francês Remy Ochlik e a correspondente de guerra americana Marie Colvin, mortos em Homs. REUTERS / montage RFI
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Os dois corpos foram levados para o hospital francês no bairro de Kassa, na capital Damasco. O embaixador da França na Síria, Eric Chevalier, subiu na ambulância onde se encontrava o corpo do fotógrafo francês, de apenas 28 anos, e um carro da embaixada polonesa seguiu uma outra ambulância com o cadáver da correspondente de guerra do Sunday Times, Marie Colvin.  Os corpos serão conservados em uma câmara frigorífica até o repatriamento. Marie e Rémy foram atingidos por um ataque do regime de Bachar al-Assad ao centro de imprensa improvisado no bairro de Baba Amr, reduto rebelde em Homs, no dia 22 de fevereiro. A cidade foi alvo de constantes bombardeios durante três semanas, e tomada pelas forças sírias na quinta-feira.

De acordo com o depoimento dos jornalistas franceses Edith Bouvier e Williams Daniels, feridos no mesmo ataque, as bombas atingiram o local por volta das 6h. Os ativistas da oposição logo perceberam o perigo e pediram aos jornalistas que deixassem o centro o mais rápido possível. Marie Colvin e Rémy Ochlik foram os primeiros a sair, no momento exato em que um foguete atingiu local, e morreram na hora. Pouco depois, um jovem rebelde ouviu a deflagração de uma outra bomba, e manteve Williams e Edith dentro da casa de três andares. A bomba explodiu alguns segundos mais tarde em frente à construção. Atingida pelos destroços, Edith percebeu que não pode mais mexer a perna esquerda.

Neste sábado, o jornal francêsLe Figaro publicou um depoimento detalhado de Edith Bouvier e Williams Daniels, que voltaram nesta sexta-feira à França depois de 9 dias bloqueados em Homs. Eles chegaram em Homs um dia antes do incidente, depois de entrar clandestinamente no país com ajuda dos rebeldes. Segundo ela, depois de ser ferida, um carro da oposição veio buscá-la para levar um hospital improvisado, instalado em um apartamento. Os médicos então injetaram morfina em Edith para que ela suportesse a dor. Os opositores fizeram um vídeo da jornalista, onde ela pede ajuda, e o publicaram no site You Tube.

As bombas continuaram a explodir ao redor do prédio e os dois jornalistas foram levados para um abrigo, mas como a jornalista precisava ser operada, os rebeldes tentaram a fuga passando por um túnel clandestino, carregando Edith em uma maca. A operação foi um fracasso, e os dois jornalistas acabaram sendo salvos por um motoqueiro. O deslocamento piorou o estado da jornalista, que foi operada às pressas na volta. No dia seguinte, os rebeldes decidiram tentar a fuga mais arricada, de carro, passando por um caminho secreto. Desviando de minas, bombas, e policiais, eles finalmente chegaram à fronteira do Líbano na quinta-feira.

Ajuda humanitária

Pelo menos 17 pessoas, a maioria civis, morreram nesta sábado vítimas da repressão na Síria, Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Nesta-feira, o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, denunciou a interdição de entrar no bairro de Bab Amr, em Homs, apesar das promessas do governo sírio. Um comboio de sete caminhões transportando comida, remédios e leite para bebês chegou nesta sexta-feira a Homs, mas não pôde entrar no bairro. O regime não cedeu apesar do apelo da comunidade internacional para uma trégua humanitária de duas horas por dias para tratar dos feridos. Segundo o governo turco, a Síria está "cometendo um crime", impedindo as organizações internacionais de ajudarem a população.
 

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