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Síria/violência

Regime sírio organiza funeral em homenagem às vítimas de atentado e acusa oposição

Em homenagem às vítimas do ataque suicida que deixou pelo menos 26 mortos nesta sexta-feira em Damasco, o regime sírio organizou um funeral público neste sábado, que foi transmitido ao vivo pela TV estatal. A oposição acusa o presidente Bachar al-Assad de tentar tirar dividendos políticos do atentado, e desviar a atenção da população para a violenta repressão no país, que já deixou pelo menos 5 mil mortos, segundo a ONU.

Carro destruído no atentado em Damasco, nesta sexta-feira
Carro destruído no atentado em Damasco, nesta sexta-feira Reuters
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O funeral aconteceu no meio da tarde depois da oração na mesquita al-Hassam, no bairro de Midane, onde na véspera um kamikaze acionou os explosivos colados ao corpo matando pelo menos 26 mortos e 63 feridos. O xeque de Damasco Bachir Eid, a maior autoridade religiosa do país, pronunciou um discurso diante de ministros, responsáveis e fiéis.

Milhares de pessoas, que acompanharam a cerimônia do lado de fora, carregavam bandeiras e cartazes com a foto do presidente Bachar al-Assad. O regime sírio atribuiu o ataque a simpatizantes de movimentos islâmicos radicais, que tem o intuito de "diminuir a influência na Síria na região", segundo o comunicado divulgado pelo governo. A facção mais extremista do Hezbollah, aliado da Síria, acusou os Estados Unidos, que condenou o ataque, de acordo com uma declaração da porta-voz do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.

Para a oposição, foi o próprio governo sírio, que enfrenta um movimento de contestação sem precedentes desde março de 2011, que organizou o atentado. O regime tenta assim justificar a violência contra os manifestantes que pedem a queda do regime, acusando os opositores de terrorismo. Em um comunicado, o Conselho Nacional Sírio acusou o regime de "semear o caos e a desviar a atenção da opinião pública para os crimes de morte e tortura que vem sendo praticados no país." Um ataque similar ocorreu há duas semanas, e foi atribuído à Al Qaeda.

O jornal do partido al-Baas, de Bachar al-Assad, publicou neste sábado fotos de cadáveres e restos humanos do atentado desta sexta-feira. Para o as-Saoura, "a erradicação do terrorismo tornou-se inevitável", em alusão aos ataques organizados nos anos 80 pela Irmandade Muçulmana, do Egito.

Observadores entregam relatório no domingo

Os 153 observadores da Liga Árabe continuam no país, e outros 10 são aguardados neste sábado. Os monitores foram encarregados de verificar a aplicação do plano de saída da crise, que inclui o fim da violência no país, a abertura do diálogo com a oposição e a libertação dos prisioneiros políticos. Segundo o secretário-geral da Liga, Adnan Issa, o grupo deve continuar no país.

Os observadores devem apresentar o relatório da primeira fase da missão neste domingo no Cairo. A imparcialidade deste documento esta envolta de ceticismo, já que o chefe da missão, o general Mohammed Ahmed Mustafa al-Dabi é ex-conselheiro do presidente sudanês Omar al-Bachir, alvo de um mandado de prisão da Corte Penal Internacional pelo genocídio no Darfour.

A adoção de uma resolução na ONU contra a violência da Síria, por enquanto, sofre a oposição da Rússia, que continua impondo seu veto como membro permanente. O país chegou a propor um documento, colocando no mesmo patamar oposição e regime, o que foi considerado “inaceitável” pela comunidade internacional.

Em Homs, quatro civis morreram neste sábado, atingidas por tiros das forças sírias, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
 

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