Jornalistas suecos são condenados a 11 anos de prisão na Etiópia
O governo da Suécia declarou hoje estar em contato com os Estados Unidos e a União Europeia para tentar obter a libertação de dois jornalistas suecos condenados hoje na Etiópia a 11 anos de prisão. O repórter Martin Schibbye e o fotógrafo Johan Persson haviam sido julgados culpados na semana passada de "apoio ao terrorismo" e de entrada ilegal na Etiópia.
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A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, considerou que a condenação dos dois jornalistas causa preocupação em relação à liberdade de imprensa e de expressão na Etiópia. Ela disse esperar que eles sejam libertados o mais rapidamente possível.
O ministro das Relações Exteriores sueco, Carl Bildt, que está atualmente em férias, comemorou a declaração de Ashton por meio de sua conta no twitter. O chanceler é acusado em seu país de não ter feito o bastante para libertar os dois jornalistas.
A imprensa sueca revelou que Schibbye e Persson foram ao Ogaden, uma região do sudeste da Etiópia de população majoritariamente somali, para investigar as atividades da Africa Oil, uma empresa associada à Lundin Petroleum, grupo petrolífero sueco do qual Carl Bildt foi administrador entre 2000 e 2006.
Os dois jornalistas foram presos no dia 1° de julho perto da fronteira entre a Etiópia e a Somália, junto com os rebeldes da Frente Nacional de Libertação do Ogaden, um grupo considerado terrorista por Adis-Abeba. Eles estavam vindo da região autônoma somali do Puntland.
Sileshi Ketsela, advogado de Schibbye e Persson, afirmou hoje estar estudando a possibilidade de apelar da sentença. Durante o julgamento os dois jornalistas admitiram ter entrado na Etiópia sem autorização.
O secretariado internacional da ONG Repórteres sem Fronteiras acusou as autoridades etíopes de pretenderem "desencorajar" a visita da região do Ogaden. Esse veredito "serve para enviar um sinal para a imprensa nacional e internacional sobre os riscos de ser duramente condenado quando suas investigações incomodam", disse a organização.
Repressão
As forças de segurança etíopes prenderam neste ano mais de 150 pessoas, incluindo jornalistas, em uma campanha de repressão da oposição, que reivindica reformas democráticas.
A condenação dos dois jornalistas deve agravar a tensão já existente entre Estolcomo e Adis-Abeba. A Etiópia acusa a Suécia de abrigar e apoiar o líder da oposição Birtukan Mideska. O governo sueco também criticou as violações dos direitos humanos na Etiópia.
Adis-Abeba anunciou no ano passado a intenção de fechar sua missão diplomática em Estolcomo, explicando que não havia cooperação nem trocas comerciais significativas entre os dois países.
Um porta-voz do ministério etíope da Justiça negou categoricamente que os dois jornalistas tiveram um processo político.
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