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Egito/Política

Após renúncia de Mubarak, Egito prepara sua transição política

Os egípcios ainda festejam a saída de Hosni Murabak do poder, apesar das incertezas sobre o futuro do país mais populoso do mundo árabe. O exército, que comanda a nação desde a renúncia do presidente, garante que vai respeitar todos os tratados regionais e internacionais assinados pelo Egito.

Um dia após a renúncia de Hosni Mubarak, incertezas pairam sobre o futuro político do Egito.
Um dia após a renúncia de Hosni Mubarak, incertezas pairam sobre o futuro político do Egito. Reuters
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Um dia após a saída de Hosni Mubarak do poder, milhares de pessoas continuavam reunidas na praça Tahir, palco das principais manifestações que resultaram na renúncia do presidente. A imprensa oficial egípcia, habituada a apoiar o regime, celebrava a "Revolução dos jovens" em suas primeiras páginas neste sábado.

No entanto, ainda há incertezas sobre o futuro do país e sua transição rumo à democracia. As forças armadas, que assumiram a direção do Egito, alegam que não pretendem substituir "a legitimidade desejada pelo povo", e prometem respeitar os acordos assinados pelo país, uma declaração que tenta tranquilizar a comunidade internacional. O exército também garantiu uma "transição pacífica" rumo a "um poder civil eleito".

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Ayman Abdel Wahed, brasileiro de origem egípcia residente no Cairo

O novo homem forte do governo egípcio é o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantaoui. À frente do Conselho Supremo das forças armadas, ele pilota também a comissão de chefes militares formada para dirigir este país de 80 milhões de habitantes.

Em comunicado divulgado neste sábado, o conselho informou que a equipe nomeada na semana passada por Mubarak continua no poder provisoriamente para gerir os processos em andamento. “O governo atual vai continuar trabalhando até que um novo governo seja formado", declarou a instância militar.

O toque de recolher persiste no Egito, mesmo se ele teve sua duração reduzida e começa agora à meia-noite, e não mais às 20h. Os organizadores das manifestações dos últimos dias já avisaram que pretendem ocupar a praça Tahrir até que o Conselho Supremo das forças armadas aceite o programa de reformas democráticas apresentado pelo grupo.

Reações internacionais

A comunidade internacional celebrou renúncia de Mubarak, mas continua prudente sobre a evolução da situação política no país. “O Egito não será nunca mais o mesmo”, disse Barack Obama após o anúncio na noite de sexta-feira. O presidente norte-americano pediu em seguida que o exércio egípcio garanta uma transição crível aos olhos do povo. “Os egípcios disseram claramente que apenas uma democracia de verdade seria aceita”, lembrou o chefe da Casa Branca.

"A voz do povo foi ouvida", disse o secretário geral das Nações Unidas Ban Ki-moon. Mesmo tom na União Europeia, onde a chefe da diplomacia do bloco, Catherine Ashton, afirmou que “Hosni Mubarak ouviu a voz do povo egípcio”.

A organização de eleições livres foi o desejo exprimido pelo presidente russo Dmitri Medvedev e pelo primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan. O presidente francês Nicolas Sarkozy felicitou a decisão "corajosa e necessária" de Mubarak e também pediu que as novas autoridades organizem eleições livres e transparentes. O primeiro-ministro francês, François Fillon, de passagem pela Arábia Saudita, declarou neste sábado que "uma nova página se abre no Egito".

A chanceler alemã Angela Merkel falou de uma "mudança histórica", mas lembrou que o regime egípcio deve respeitar "a segurança de Israel" e o tratado de paz com esse país. "Todos os governos das nações árabes devem se habituar ao fato de que seus cidadãos pedem que os direitos humanos sejam respeitados", frisou a chefe do governo alemão neste sábado. O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, também enfatizou a importância de boas relações do Egito com os israelenses.

Israel, que teme o crescimento do islamismo radical com a mudança política no país vizinho, espera que a transição ocorra “sem transtornos”. O Egito e a Jordânia são os únicos países árabes a terem assinado um tratado de paz com o estado hebreu. O movimento islâmico palestino Hamas felicitou os egípcios e falou do “início da vitória da revolução”.
 

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