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Associação de Ruandeses em Moçambique confirma sequestro de jornalista

A Associação de Ruandeses Refugiados em Moçambique denunciou o sequestro do jornalista Ntamuhanga Cassien, antigo director da Rádio e Televisão Ruandesa cristã, e pede esclarecimentos ao governo. O Centro para a Democracia e Desenvolvimento denunciou que “o regime de Paul Kagame pode estar envolvido no desaparecimento do jornalista ruandês exilado em Moçambique”.

Jornalista Ntamuhanga Cassien, crítico do regime de Paul Kagame, desapareceu a 23 de Maio de 2021, em Moçambique.
Jornalista Ntamuhanga Cassien, crítico do regime de Paul Kagame, desapareceu a 23 de Maio de 2021, em Moçambique. © https://cddmoz.org/
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O jornalista Ntamuhanga Cassien,  antigo director da Rádio e Televisão Ruandesa cristã Amazing Grace, está desaparecido desde 23 de Maio. Ele estava exilado em  Moçambique há quatro anos e foi sequestrado na Ilha de Inhaca, onde trabalhava..

A Associação de Ruandeses Refugiados em Moçambique denunciou que o jornalista foi detido e manifestou a sua preocupação. 

"É um ser humano, tem direitos e estamos a pedir que os seus direitos sejam respeitados. O nosso advogado foi à Ilha de Inhaca, teve um encontro com o comandante da vigésima esquadra que confirmou que realmente o nosso colega, membro da comunidade ruandesa, foi detido por agentes do Sernic (Serviço Nacional de Investigação Criminal) no domingo passado", declarou um membro da comunidade ruandesa  em Moçambique que preferiu não ser identificado e que pediu a intervenção do governo moçambicano. 

"Estamos a pedir ao governo de Moçambique que sempre nos protegeu, que continua a proteger e também procura clarificar esse caso do nosso membro que não está aqui connosco agora", declarou.

O jornalista ruandês estava exilado em há quatro anos e é considerado um opositor do Presidente ruandês Paul  Kagame.

O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) denunciou, no seu boletim de 29 de Maio, que “o regime de Paul Kagame pode estar envolvido no desaparecimento do jornalista ruandês exilado em Moçambique”.

“Crítico do regime de Paul Kagame, o jornalista Cassien fugiu da prisão de Kigali em 2017 onde cumpria uma pena de 25 anos, após ter sido condenado por crimes de conspiração contra o Governo e cumplicidade em acto terrorista, num processo com motivações políticas. Conseguiu asilo em Moçambique e vivia na Ilha de Inhaca (Cidade de Maputo) e foi lá onde foi sequestrado no último domingo por oito homens, incluindo um ruandês, e até hoje desconhece-se o seu paradeiro”, aponta o CDD.  

Esta organização da sociedade civil moçambicana explica, ainda, que “Cassien era procurado pelas autoridades ruandesas, o que reforça a ideia do envolvimento do regime de Kagame no desaparecimento do jornalista de 37 anos”. O Centro para a Democracia e Desenvolvimento acrescenta que “a reaproximação entre os Presidentes moçambicano e ruandês aumenta receios de que Maputo seja mais aberto a extradições extrajudiciais de cidadãos ruandeses baseados em Moçambique em troca de um provável apoio de Kigali no combate ao extremismo violento e terrorismo em Cabo Delgado”.

Contactado pela agência Lusa, o Serviço Nacional de Investigação Criminal de Moçambique disse que não tinha registo de nenhuma operação para a detenção de cidadãos ruandeses em Moçambique e nem queixa sobre o desaparecimento ou sequestro de um estrangeiro.

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