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Moçambique

O jornalista britânico Tom Bowker foi expulso de Moçambique

Nesta terça-feira, o jornalista britânico Tom Bowker que edita o portal informativo anglófono sobre a actualidade moçambicana 'Zitamar', foi expulso de Moçambique e proibido de regressar ao país durante dez anos, na sequência de um despacho emitido pelo Ministro do Interior, depois de a publicação ter sido considerada "inexistente" pelas autoridades moçambicanas.

Jornalista britânico Tom Bowker, editor do portal 'Zitamar', aquando da sua expulsão ontem de Moçambique.
Jornalista britânico Tom Bowker, editor do portal 'Zitamar', aquando da sua expulsão ontem de Moçambique. LUSA - RICARDO FRANCO
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Epílogo de uma disputa de meses com as autoridades de informação e de imigração de Moçambique que alegavam que o jornalista britânico não tinha a documentação necessária para trabalhar no país, a decisão desta expulsão foi comunicada ao interessado no final do mês passado.

De acordo com as autoridades moçambicanas, do ponto de vista de registo documental, o portal 'Zitamar' "é inexistente, tanto na Inglaterra, assim como em Moçambique", o executivo considerando que fica igualmente por comprovar a ligação entre este e a firma com o mesmo nome em solo britânico.

Neste sentido, Tom Bowker, a mulher e os dois filhos do casal deixaram Maputo com destino a Londres, depois de terem sido levados ao Aeroporto Internacional de Maputo por dois agentes do Serviço Nacional de Migração.

O jornalista que na rede social Twitter considerou que esta expulsão teve "motivação política" disse ontem numa breve declaração à agência noticiosa Lusa que “estava, sim, a cumprir a ordem de expulsão e de não voltar dentro de 10 anos”, mas que iria tentar por vias legais obter a alteração desta decisão, por considerá-la ilegal.

A nível da opinião pública, várias são as organizações da sociedade civil que contestam e repudiam a decisão das autoridades de expulsar o editor do portal 'Zitamar' News, escrito em inglês, que acompanha a actualidade moçambicana, em especial na área económica, mas que ganhou igualmente notoriedade pela cobertura da insurgência armada em Cabo Delgado, no norte do país.

Entre as vozes que se elevaram para denunciar a expulsão do jornalista britânico, ontem em comunicado, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) defendeu que Moçambique deve rever a sua decisão."A expulsão de Moçambique e a proibição do jornalista Tom Bowker é uma mensagem arrepiante para a comunidade mediática do país", considerou esta organização.

No final do mês passado, quando o governo anunciou que iria expulsar Tom Bowker, o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (Misa Moçambique) também denunciou a "forma arbitrária, sem seguimento dos procedimentos legais" como tinha sido tomada esta decisão, esta organização de defesa da liberdade de imprensa considerando ainda que o processo tinha sido conduzido "sem transparência nem profissionalismo".

Recorde-se que em Abril do ano passado, 16 organizações da sociedade civil, entre as quais a Amnistia Internacional, o CPJ, assim como o Misa Moçambique dirigiram uma carta aberta ao Presidente Nyusi para expressar a sua preocupação com a situação dos Direitos Humanos no país, na sequência designadamente do desaparecimento naquela altura do jornalista de rádio Ibraimo Abú Mbaruco, cuja situação continua por esclarecer até hoje.

 

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