Guiné-Bissau: Governo demitido abandonou palácio do executivo
Os membros do executivo demitido pelo Presidente José Mário Vaz abandonaram o palácio do Governo, local que ocupavam há duas semanas. A decisão foi tomada depois dos apelos dos líderes religiosos guineenses, de organizações da sociedade civil e da comunidade internacional.
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Os elementos do governo demitido na Guiné-Bissau abandonaram ontem, quinta-feira, o palácio do executivo que ocupavam há duas semanas. A ocupação tinha como objectivo protestar contra a decisão de José Mário Vaz, presidente do país, em empossar um novo elenco governativo.
À saída do Palácio do Governo, Domingos Simões Pereira garantiu que a decisão foi tomada no seguimento dos apelos dos líderes religiosos do país, das organizações da sociedade civil e da comunidade internacional, sem qualquer tipo de contrapartidas.
A ministra da Saúde do governo demitido, Caidi Seidi, afirmou que a saída foi "voluntária e consciente" e disse ainda que foi exigido que a "comunidade internacional reafirma a vinda dos quatro Presidentes, porque agora também vem o de Cabo Verde (...) para que haja um diálogo franco e responsável, mas com as instituições da República da Guiné-Bissau".
Cadi Seidi, ministra da Saúde do governo demitido na Guiné-Bissau
O líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), acrescentou que a "luta" contra as medidas do chefe de Estado vai continuar, agora nos domínios político, jurídico, social e diplomático.
O Governo demitido saiu do palácio debaixo de fortes medidas de segurança.O representante da União Africana no país, Ovídeo Pequeno, confirmou aos jornalistas que foi iniciado um processo discreto para a saída do governo demitido para que esta situação não terminasse em violência. " As pessoas têm o direito à indignação, compreendemos o direito que cada um tem à manifestação mas era preciso que se tomassem algumas medidas".
Ovídeo Pequeno sublinhou que compete às instituições avaliar a legalidade ou não da decisão que foi tomada pelo chefe de Estado. " (...) Essas questões são feitas em sede própria, não é a comunidade internacional que vai discutir essa questão".
Ovídio Pequeno, representante da União Africana na Guiné-Bissau
No mês passado o Presidente guineense demitiu o segundo governo em funções, suportado pelo PAIGC e liderado por Carlos Correia, e voltou a nomear para o cargo de primeiro-ministro, Baciro Djá, alegando ter sido o PRS a indicar o nome. Como forma de protesto contra esta nomeação, durante duas semanas, vários membros do executivo recentemente demitido ocuparam o palácio do Governo da Guiné-Bissau.
Entretanto, o PAIGC requereu ao Supremo Tribunal de Justiça guineense que declare inconstitucional a nomeação de Baciro Djá e do seu respectivo executivo.
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