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Bissau/Polícia/MCCI

Bissau: polícia reprime violentamente vigília para exigir justiça pela morte de Bernardo Catchura

A polícia dispersou com violência esta segunda-feira, 1 de fevereiro, a vigília em Bissau, para exigir justiça, oxigénio e manifestar a sua revolta pela forma como faleceu Bernardo Mário Catchura, antigo presidente do Movimento de Cidadãos Conscientes e Inconformados - MCCI - a indignação e exigência de inquérito às circunstâncias da sua morte vem de todos os quadrantes.

Polícia reprimiu fortemente nesta segunda-feira, 1 de fevreiro, jovens que organizaram uma vigília para exigir justiça pela de Bernardo Catchura, que faleceu a 29 de janeiro, por falta de oxigénio.
Polícia reprimiu fortemente nesta segunda-feira, 1 de fevreiro, jovens que organizaram uma vigília para exigir justiça pela de Bernardo Catchura, que faleceu a 29 de janeiro, por falta de oxigénio. © Facebbok
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São vários os registos de traumatismos, fracturas e lesões provocadas pela repressão da Polícia de Intervenção Rapida, que interrompeu a vigília, frente ao Ministério da Saúde, em Bissau, quando um grupo de jovens exigia justiça, direito a oxigénio e responsabilização criminal pela morte a 29 de janeiro, de Bernardo Mário Catchura, de 39 anos, que continua a merecer reacções, vindas de todos os quadrantes.

Políticos, activistas sociais, músicos, artistas e outros continuam a manifestar a sua revolta, sobre o que consideram ter sido incúria médica, que provocou a morte de Bernardo Mário Catchura, alegadamente por falta de oxigénio, na passada sexta-feira, 29 de janeiro, quando necessitava de ser submetido a uma intervenção cirúrgica.

Adama Baldé, vice-presidente da Rede das Associações Juvenis, Renaj foi um dos jovens presentes esta segunda-feira, 1 de fevereiro, na vigília de protesto frente ao Ministério da Saúde Pública em Bissau.

Vestidos de preto e com velas acesas nas mãos, os jovens exigem melhoria de condições nos hospitais e justiça em nome de Bernardo Mário Catchura.

Adama Baldé explica o que levou à morte de  Bernardo Mário Catchura:

"...ele precisava fazer uma cirúrgia, uma intervenção cirúrgica, para a qual precisaria de oxigênio, entretanto foi levado para o Hospital Nacional Simão Mendes alegando que não tinham  oxigénio para pessoas [casos] não graves, entretanto, ele, com aquela euforia, foi para a clínica [privada] do doutor Lassana Ntchassó, no Bairro Militar e infelizmente saiu de lá morto".

01:37

Mussá Baldé, correspondente em Bissau 1/02/2021

Os jovens agora exigem responsabilização do hospital Simão Mendes e do ministério da Saúde.

Sepultado no sábado, 30 de janeiro, em Bissau, no meio de uma grande comoçãol, Bernardo Mário Catchura era também músico, jurista, era casado e pai de 3 crianças.

Reacções

Até agora não houve qualquer reacção da parte do Governo, mas em conferência de imprensa, nesta segunda-feira, 1 de fevereiro, a direcção do hospital Simão Mendes negou, que Bernardo Mário Catchura tenha morrido devido à falta de oxigénio e garante que a morte terá ocorrido na sequência de complicações intestinais, que devido à "falta de vagas" o aconselharam a dirigir-se à clínica privada do doutor Lassana Ntchassó.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos, exige responsabilização criminal e pede que o Ministério Público investigue rapidamente a causa da morte de Bernardo Mário Catchura, enquanto o MCCI já encarregou um colectivo de advogados, para intentar um processo judicial contra as autoridades.

A Associação Juvenil de Protecção dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau exigiu esta segunda-feira, 1 de fevereiro, que o Presidente Umaro Sissoco Embaló ordene a exoneração do ministro da saúde, António Deuda, responsabilizando-o pela morte de cidadãos e de Bernardo Catchura e em carta dirigida ao PGR Fernando Gomes insta o Ministério Público a abrir um inquérito para apurar as responsabilidades do corpo médico do hospital Simão Mendes e da clínica privada, onde Bernardo Mário Catchura acabou por falecer.

Magda Robalo, a alta comissária que dirige a equipa técnica de luta contra a pandemia da Covid-19 na Guiné-Bissau, afirma que não há falta de oxigénio no Hospital Simão Mendes, mas "reconhece o problema da falta de rigorosidade na gestão do oxigénio, agravada pela carência crónica desse produto vital nos hospitais do país" trata-se pois de um problema na gestão da sua distribuição pelos hospitais e clínicas privadas do país.

 

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