Recuperação económica em França pós pandemia do coronavírus quem paga?
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A imprensa diária francesa está dominada pela temática económica, com LE MONDE, a titular, depois de covid, lugar ao debate sobre a fiscalidade dos mais ricos. Face à recessão, a vingança do Estado, é do LIBÉRATION ou para LA CROIX, espera-se pela recuperação.
LE MONDE, titula, depois de covid, lugar ao debate sobre a fiscalidade dos mais ricos. A recessão que vem depois da epidemia do covid-19 e o desbloqueio de planos de apoio alimentam a ideia de pôr os mais ricos a pagar a factura da crise.
A oposição da esquerda no Parlamento multiplica propostas para reposição do imposto sobre a fortuna ou criar uma contribuição excepcional para as grandes fortunas. Se estas medidas agradam na opinião pública o executivo rejeita qualquer ideia de aumento dos impostos e considera que aumentar o imposto sobre a fortuna é pura demagogia.
Segundo o Instituto nacional de estatísticas a riqueza dos mais ricos aumentou e o fosso é cada vez maior em relação ao resto da população. O Observatório das desigualdades, afirma que 5 milhões de franceses podem ser considerados ricos, o que representa 8% da população, acrescenta, LE MONDE.
Face à recessão, a vingança do Estado, titula, LIBÉRATION. Desde o começo da crise o governo gastou 500 mil milhões de euros e não está para parar aumentando despesas para apoiar a actividade económica. Uma reabilitação da potência pública na economia e uma conversão do governo à coisa pública antes vista com desconfiança. Tudo será feito, qualquer que seja o custo, lançou a 12 de março, o Presidente, Macron, face à pior crise sanitária dos últimos 100 anos.
Uma posição que foi logo criticada pelo antigo ministro da Economia, Arnaud Montebourg, denunciando um transformismo intelectual de Macron, que o substituiria no posto, porque, acrescentou: "quando eu estava no ministério da Economia, propus nacionalizações, Emmanuel Macron, explicou-me que não estávamos na Venezuela", citado por LIBÉRATION.
Aguardando a recuperação, replica, LA CROIX. Se a retoma está de volta à França, a economia ainda regista um atraso por causa da situação do confinamento e marca passo devido à prudência do consumidor médio.
Funerais de George Floyd, momento para mensagens políticas
A nível internacional, LA CROIX dedica o seu editorial, aos funerais de ontem George Floyd, em Houston, titulando democracia na América. O preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos, começa assim: "nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma União mais perfeita". Os Pais fundadores da democracia americana quiseram dizer com isso que a união do povo americano era algo em permanente aperfeiçoamento, nota o editoral do LA CROIX.
Por seu lado, L'HUMANITÉ, titulou, em nome de George Floyd. Os funerais do afro-americano morto pela polícia marcaram uma etapa no movimento que sacode os Estados Unidos e o mundo.
Para LE MONDE, escreve que a homenagem ao afro-amerericano, que se tornou no símbolo da violência policial foi marcada por intervenções com tonalidades políticas. Em várias cidades e Estados do país multiplicam-se iniciativas a favor duma reforma da polícia.
Em relação à África, LE MONDE, faz o seu principal editorial sobre o Sahel e um sucesso militar contra o Jiad. A eliminação no Mali do chefe de Al-Qaeda no Magrebe islâmico, Abdelmalek Droukdel, permite às forças francesas avançar na luta contra o Jiad, mas ainda resta muito por fazer. É muito cedo para se dizer que este sucesso militar é uma derrota do terrorismo jiadista nos países do Sahel.
O mesmo vespertino, refere-se ainda a interrogações no Burundi sobre as causas da morte do Presidente, Pierre Nkurunziza. Ele terá sido o primeiro dirigente a morrer do covid-19?, pergunta ainda LE MONDE que se refere a um comunicado da presidência afirmando que ele morreu após complicações cardíacas, mas que há interrogações se ele não terá morrido após ter sido infectado pelo coronavírus.
Para LIBÉRATION, o ex-chefe rebelde, Pierre Nkurunziza, presidente déspota, que já havia renunciado a uma recandidatura após 15 anos de poder, morreu possivelmente de coronavírus, depois de ter negado a possibilidade da epidemia no país.
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