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"O matemático de chinelos”, diz Libération sobre brasileiro que ganhou Nobel da matemática

“O mestre da matemática de chinelos”. É assim que o jornal Libération descreve o matemático franco-brasileiro Artur Ávila. O cientista recebeu o prêmio Fields, equivalente ao Nobel da matemática, em agosto deste ano, mas volta hoje às páginas do diário francês, em um perfil que ocupa a contracapa inteira.

O jornal francês Libération desta quinta-feira, 30 traz um perfil do matemático franco-brasileiro Artur Ávila.
O jornal francês Libération desta quinta-feira, 30 traz um perfil do matemático franco-brasileiro Artur Ávila. Reprodução
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O franco-brasileiro de 35 anos é descrito como "um enorme clichê". O surfista carioca, que estudava matemática nas praias do Rio de Janeiro, hoje se tornou o cientista que estimula seus neurônios com a mesma frequência que vai à academia, diz o Libé.

O perfil feito pelo jornal não se cansa de elogiar a beleza do cientista e a fórmula   não matemática   para manter seu físico. “Para manter a forma, ele substituiu o almoço por três litros de leite que bebe caminhando”, diz o jornal.

Para a cerimônia de entrega da medalha Fields, Ávila comprou seu primeiro terno. “Ele optou por um Dolce e Gabbana, depois de adaptar a geometria do corte ao formato de seu corpo”, brinca Libération.

Além de exaltar o físico do matemático, o jornal também descreve todo o caminho que Ávila percorreu até chegar à conquista do Nobel da matemática e o "horizonte midiático" que se abriu com o prêmio.

Garoto prodígio

A trajetória de Ávila é típica de um garoto prodígio: medalha de ouro nas Olimpíadas Internacionais de Matemática e a entrada no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) aos 16 anos, doutorado aos 21, ingresso no Centro francês de Pesquisa Científica (CNRS) aos 23, onde, seis anos depois, obteve o cargo de diretor de pesquisa – o cientista mais jovem da história da instituição a ocupar a função.

Jean-Christophe Yoccoz, professor do renomado Collège de France e medalha Fields de 1994, conheceu Ávila no Impa e não escondeu seu encanto pelo pupilo. Ele descreve o carioca como “um fenômeno”. Foi Yoccoz o responsável pela vinda do matemático a Paris, onde lhe ofereceu um cargo de pesquisador no CNRS.

As conquistas são fruto de muito esforço; nada é automático na carreira do cientista. Ávila contou ao Libération que trabalha intensamente, às vezes até 18 horas por dia. “Quando temos uma ideia, precisamos insistir, dar muitas voltas ao redor dela, encontrar um outro ponto de vista e, só assim, a compreenderemos”, explica o franco-brasileiro.

Nacionalidade

Franco-brasileiro, aliás, é como ele prefere se definir. Muito se foi especulado sobre a nacionalidade preferida do matemático carioca, que tem dupla cidadania. Quando o presidente francês anunciou a conquista do prêmio Fields, no dia 13 de agosto, o chefe de Estado disse que a vitória demonstrava a atratividade da França na área de pesquisa. A declaração ecoou na mídia brasileira e indignou os mais ciumentos.

Ávila resolveu a questão de forma diplomática: “Fiz meu doutorado no Brasil. Mas, como matemático, me sinto, sinceramente, franco-brasileiro”, revelou ao Libé.

“Cada um sabe de sua nacionalidade”, avalia o diário. “A França ganha uma medalha Fields a mais e ele evita o exercício, sempre complicado e desagradável, da renovação de seu documento de residência”, brinca o jornal.

 

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