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Voto de confiança mostra que premiê francês tem maioria frágil no parlamento

A aprovação apertada do voto de confiança dado pelo parlamento francês ao primeiro-ministro Manuel Valls e a polêmica em torno dos altos salários dos pilotos da Air France, que entram no seu terceiro dia de greve, são alguns dos destaques da imprensa francesa desta quarta-feira (17) de setembro.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, obteve voto de confiança do Parlamento, mas perdeu deputados aliados..
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, obteve voto de confiança do Parlamento, mas perdeu deputados aliados.. REUTERS/Gonzalo Fuentes
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Os jornais deixam claro que o governo francês teve, como previsto, seu pedido de voto de confiança aprovado, mas perdeu apoio na Assembleia. A confiança no governo socialista está abalada, constata o Le Figaro ao lembrar em sua manchete que o primeiro-ministro Manuel Valls perdeu o apoio de 37 deputados socialistas neste segundo voto de confiança, quando comparado ao primeiro pedido, feito no mês de abril."Ele deverá governar com uma maioria cada vez mais apertada e reticente", afirma o diário conservador.

Ao analisar todo o discurso de política geral do premiê antes da votação, Le Figaro estima que Valls se aproxima do estilo do presidente François Hollande. Quando assumiu o cargo, cinco meses atrás, Valls era um homem "intrépido e apressado". Agora, se tornou "indeciso e maleável", segundo o jornal.

Le Figaro critica a decisão do chefe de governo em não abrir mão das 35 horas de trabalho semanais na França e de manter o financiamento de empregos para jovens com dinheiro público. O jornal prevê que diante de tantas promessas infrutíferas de reformar o estado francês, Valls está condenado a um ser "orador verborrágico", assim como o presidente Hollande.

Voto revela maioria frágil

O voto de confiança não diminuiu a desconfiança no primeiro-ministro, escreve o Libération ao comentar a perda de apoio de 37 deputados neste segundo pedido de voto de confiança. O jornal também destaca que outros 31 parlamentares decidiram pela abstenção.

O resultado de 269 deputados a favor e 244 contra o voto de confiança no governo deixa claro que Manuel Valls terá uma maioria frágil. Libération já prevê uma nova etapa difícil para o premiê: a aprovação do orçamento de 2015 que prevê cortes de € 21 bilhões. O projeto orçamentário será apresentado no mês de outubro e Valls deverá trabalhar duro para impedir novas abstenções dos deputados socialistas, avalia o Libé.

Próximo problema: conter dívida pública

Segundo o Les Echos, depois desse voto de confiança, Manuel Valls terá que encarar de frente o problema da dívida pública. Em seu discurso no parlamento, o premiê descartou outras medidas de austeridade, além do plano já anunciado de economizar € 50 bilhões.

De acordo com o diário econômico, ao evitar novos cortes o governo trabalha com a previsão de que a dívida pública do país atinja um pico em 2015 de 98% do PIB. Ela começaria a baixar nos dois anos seguintes. Para evitar que a dívida chegue ao limite de 100% do PIB, o ministério francês da Economia não descarta a venda de ativos do governo, afirma Les Echos.

Greve da Air France gera polêmica

A greve da Air France entra no terceiro dia em meio à polêmica sobre os altos salários dos pilotos da companhia aérea. O Aujourd'hui en France afirma que os pilotos dizem que a paralisação visa defender os empregos, mas na verdade eles querem garantir mesmo é o status da categoria. Um piloto da Air France custa mais caro que o da Transavia, a filial de baixo custo da empresa.

O jornal investigou e chegou à conclusão de que a hora de voo de um piloto da Air France é 27% mais cara de que seu colega da Transavia e a carga de trabalho menor, entre 630 e 678 horas de voo, enquanto a da filial low cost fica em torno de 700 horas anuais. A diferença de salário de um comandante de bordo é ainda maior, segundo o Aujourd'hui en France. Na Air France, o profissional ganha até € 196 mil por ano enquanto na Transavia o máximo é de € 160 mil.

Um especialista confirma que muitos empregos deixarão de ser criados na França, mas a sobrevivência da companhia em um mercado competitivo também está em jogo. Outras grandes companhias aéreas europeias como a British Airways e a Lufthansa lançaram suas filiais de baixo custo sem alarde nem crise. Por que a Air France não pode fazer o mesmo, questiona o Aujourd'hui en France.

 

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