Sob escuta judicial, Sarkozy ocupa as capas dos principais jornais franceses
O escândalo no qual o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy está envolvido ocupa as capas e os editoriais dos principais jornais franceses deste sábado, dia 8 de março. Ontem, o jornal Le Monde revelou que Sarkozy está sob escuta judicial desde o ano passado devido à investigação sobre o suposto financiamento de sua campanha presidencial de 2007 pelo ex-ditador líbio Muammar Kadafi. Para piorar o quadro, há indícios de que Sarkozy poderia estar comprometido em um caso de troca de favores com um procurador da mais alta instância do Judiciário francês.
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Muitos analistas políticos prevêem que o escândalo atrapalha um possível retorno do ex-presidente à política. Mas o jornal Le Monde é mais cauteloso. O diário centrista reconhece que o caso pode prejudicar a estratégia de Sarkozy, mas acredita que ainda é prematuro afirmar que isso possa comprometer sua candidatura para as presidenciais de 2017. “Somente uma condenação ou um indiciamento acompanhado de uma prova irrefutável pode o tirar do jogo”, diz o jornal.
O diário de esquerda Libération faz uma crítica ferrenha ao ex-chefe de Estado e publica uma foto de Sarkozy cabisbaixo que ocupa toda a sua capa, sob a manchete: "O Poderoso Chefão", em alusão ao personagem mafioso Vito Corleone, do romance de Mario Puzo, adaptado para o cinema por Francis Ford Coppola.
Em seu editorial, o quotidiano é ainda mais crítico. O jornalista Eric Decouty escreve: "Nicolas Sarkozy sempre desprezou a Justiça, aquela que não servia seus interesses e aquela que ele não podia instrumentalizar. Durante anos, membros do governo e seu chefe tramaram como se beneficiassem de uma impunidade absoluta, como se eles estivessem acima do Direito. Acima das leis da República. É esse sistema de malversação do poder que é hoje revelado por uma justiça independente em uma democracia onde o Direito passa a ser novamente respeitado".
Já o jornal de direita Le Figaro, como já era de se esperar, defende o ex-chefe de Estado em seu editorial. "Desde que deixou o Eliseu, Nicolas Sarkozy é o alvo de uma perseguição judicial sem precedentes. Nunca um antigo presidente da República mobilizou tantos procuradores para pesar, decorticar, suspeitar de qualquer um de seus gestos ou ações", escreve o jornalista Yves Thréard. Para ele, desde o início do que classifica de "empreendimento da destruição", faltam provas que possam confirmar o comprometimento do ex-presidente nos escândalos.
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