Tribunal de Contas critica gestão do dinheiro público na França
Os jornais desta quarta-feira (12) dão amplo destaque a um relatório que acaba de ser publicado pelo Tribunal de Contas francês. O documento aponta que faltará dinheiro ao governo socialista para cumprir as metas de déficit público. A recomendação global do relatório é reduzir drasticamente as despesas com programas sociais, que não dão o retorno esperado.
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O diário Les Echos relata que o Tribunal de Contas considera as previsões de receitas e de despesas do governo francês muito otimistas. A dívida pública do país vai ultrapassar 2 trilhões de euros neste ano, e embora o presidente François Hollande tenha apresentado um plano de redução dos gastos públicos de 50 bilhões de euros até 2017, as metas de déficit público de 2013 e 2014 não serão cumpridas. De acordo com o relatório, haverá uma queda de arrecadação de 3 a 6 bilhões de euros, e o déficit será bem maior que o planejado.
Les Echos diz ainda que o Tribunal de Contas aponta falhas e incoerências em cerca de trinta políticas públicas do governo francês, entre elas a gestão dos controles sanitários, as passagens praticamente gratuitas para os funcionários da companhia ferroviária estatal SNCF ou ainda o caixa de previdência dos profissionais liberais.
Aujourd'hui en France conta que os parentes de ferroviários conseguem passagens de trens com até 90% de desconto. Segundo o Tribunal de Contas, 1,1 milhão de pessoas beneficiaram desse sistema até o final de 2011, causando prejuízos de 100 milhões de euros aos cofres do Estado, relata o diário popular.
Em tom ácido, o editorial do Le Figaro afirma que enquanto Hollande embala os franceses com fórmulas suaves como "pacto de responsabilidade" entre empresários e governo, e promete um futuro promissor à França, o presidente do Tribunal de Contas, Didier Migaud, que é um socialista, se encarrega de fazer o chefe de Estado colocar os pés no chão. O tribunal condena, sem fazer concessões, a gastança no setor público, o constante desperdício de dinheiro do contribuinte, e recomenda ao governo "dar o exemplo" em vez de ficar propagando ilusões.
L'Humanité também dedica sua matéria de capa a este relatório. O diário comunista afirma que os técnicos em finanças do Tribunal de Contas recomendam novos cortes nas despesas públicas e apontam gastos excessivos na Seguridade Social e nas instâncias administrativas departamentais. L'Humanité ressalta que o Tribunal de Contas quer acelerar o choque de simplificação administrativa, para prestar um serviço público de melhor qualidade, menos dispendioso.
No entanto, como veículo de imprensa comunista, o editorialista do L'Humanité acredita que o Tribunal de Contas sempre faz recomendações que acabam penalizando os mais pobres.
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