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Europeus cada vez mais indignados com sistema de espionagem americano

A revolta cada vez mais perceptível dos europeus contra os Estados Unidos devido ao escândalo do sistema de espionagem é o tema em destaque dos principais jornais franceses desta terça-feira, 2 de julho.

Estação de interceptação da NSA (National security agency ),em Bad Aibling, Alemanha.
Estação de interceptação da NSA (National security agency ),em Bad Aibling, Alemanha. REUTERS/Michaela Rehle
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Para o comunista L'Humanité, o mundo todo está no visor do Tio Sam. As reações se multiplicaram na Europa para exigir a suspensão imediata do sistema de espionagem americano e a extensão das revelações provoca uma crise com os Estados Unidos, afirma o jornal.

L'Humanité também escreve que diversas personalidades políticas defendem que seja concedido asilo político a Edward Snowden, o ex-agente de informática que revelou o esquema montado pela Agência Nacional de Segurança americana. Para o jornal comunista, o escândalo Prism, nome do sistema de espionagem, ainda não terminou de expor toda sua carga explosiva.

Para o Libération, a França e diversos países europeus ameaçam bloquear as negociações comerciais com Washington após as revelações da espionagem. Um especialista do Instituto de análise estratégica ouvido pelo jornal diz que o sistema de espionagem e de vigilância se tornou incontrolável e que a Agência americana de Segurança pode interceptar todo tipo de comunicação.

A União Europeia não dispõe de instrumentos informáticos de proteção e é extremamente vulnerável. Como exemplo, o especialista cita a escolha do Ministério da Defesa francês pelo sistema operacional da Microsoft, que colabora com o Prism.

Em editorial, o Libération afirma que acabou a noção de esfera privada e lamenta que o Velho Continente não tem meios de conseguir impor sua "soberania digital", o tema ético, político e ecônomico crucial nos tempos atuais.

Le Figaro dedica sua manchete à exigência do presidente François Hollande de que Washington pare imediatamente de espionar os europeus e dê garantias antes das negociações de um acordo de livre comércio da União Europeia com os Estados Unidos. O Le Figaro diz que Washington tem uma sede inesgotável por informações confidenciais e comete um grande abuso em nome da luta contra o terrorismo.

A promessa de um "bom equilíbrio", feita por Barack Obama durante sua visita à Berlim no mês passado caducou. Em uma democracia, o direito à privacidade deve ser respeitado e protegido. O jornal defende que os Estados Unidos dê todas as explicações necessárias aos europeus no momento em que se discute um acordo de livre comércio.

O presidente francês tem razão ao expressar sua indignação, mas por outro, lado, constata o Le Figaro, as reclamações dos europeus têm limites. Sem dividir informações secretas com os Estados Unidos, os europeus não têm como garantir sua própria segurança.
 

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