Visita de Hollande à ex-colônia Argélia deve abrir nova página na história dos dois países
A visita de dois dias à Argélia do presidente francês, François Hollande, é manchete em todos os jornais dessa quarta-feira. É a primeira viagem de Hollande a um país árabe e a terceira de um chefe de Estado da França a essa ex-colônia desde a independência, em 1962, conquistada após uma dolorosa e longa guerra de sete anos contra os colonizadores.
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O diário Les Echos descreve bem o clima da visita. As relações bilaterais nos últimos 50 anos entre França e Argélia são marcadas por mal-entendidos, em que frequentemente são lembrados os crimes de guerra da potência colonial, a ausência de um pedido formal de desculpas aos argelinos e o dever de memória inacabado. O fato é que essa herança colonial produz um enorme contingente de imigrantes na França, cerca de 800 mil pessoas atualmente. Os argelinos são a segunda nacionalidade que mais pede vistos de residência ao governo francês, cerca de 200 mil por ano, informa o jornal econômico.
Les Echos aborda os aspectos comerciais da visita. Hollande está acompanhado de nove ministros e de uma delegação de 35 empresários. A Argélia é o quarto exportador mundial de gás natural, terceiro parceiro comercial da França, atrás da China e da Rússia, e porta de entrada para os demais países emergentes da África e do mundo árabe.
O jornal progressista Libération também sublinha as dificuldades de relacionamento da França com sua antiga colônia. "É como se os dois países não conseguissem encontrar o caminho da reconciliação", diz Libération. As feridas do passado precisam ser ditas e esclarecidas, afirma o Libé, destacando que o presidente Hollande tem sua vida marcada pelas relações com a Argélia e deseja superar os obstáculos onde outros presidentes franceses fracassaram.
O diário comunista L'Humanité diz em manchete que uma outra página deve ser escrita na história dos dois países, e a visita de Hollande pode ser a ocasião de a França finalmente reconhecer os crimes do período colonialista.
O conservador Le Figaro afirma que se por um lado o presidente francês deseja tratar as feridas do passado e reforçar as parcerias econômicas, tudo vai depender das palavras que Hollande usar para se dirigir aos argelinos e dos contratos que o governo francês assinar.
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