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Austrália/Caso Laudísio

Morte de brasileiro na Austrália foi “ato de brutalidade”, diz justiça

Terminou hoje em Sydney, na Austrália, o inquérito que investiga a morte do estudante brasileiro Roberto Laudísio Curti. Ele foi morto no dia 18 de março em violenta perseguição policial após ter furtado dois pacotes de biscoito de uma loja de conveniência. Segundo conclusão do inquérito público da Justiça australiana, o uso excessivo da pistola elétrica taser e de spray de pimenta, além da excessiva força física policial e do consumo de LSD contribuíram para a morte de Roberto.

Reprodução de vídeo de câmera de segurança com imagem do estudante Roberto Laudísio Curti, 21, morto em Sydney.
Reprodução de vídeo de câmera de segurança com imagem do estudante Roberto Laudísio Curti, 21, morto em Sydney. REUTERS
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O assistente do tribunal de Justiça abriu a última sessão do inquérito com a leitura das conclusões dos depoimentos feitos nessas duas semanas. Em seu relatório, Jeremy Gormly,  disse que o taser não foi a causa principal da morte de Roberto Laudísio, mas afirmou que vários fatores teriam contribuído para a morte do rapaz. Ele apontou que, juntos, o uso combinado do taser, do spray de pimenta e a ação policial brutal levaram à morte do estudante brasileiro. O relatório ressaltou ainda que a ingestão do LSD também foi outro fator agravante.

O assistente da corte argumentou também que não houve justificativa para o uso repetido do taser no jovem, principalmente quando ele já estava no chão – Roberto recebeu 14 disparos de taser. Mas ele fez também uma declaração muito importante do ponto de vista legal: ele disse que a ação da polícia foi um ato de brutalidade e que o uso da força policial foi excessivo.,

Essas foram as conclusões do assistente da juíza foram lidas hoje no tribunal. O parecer da juíza Mary Jerram que presidiu o inquérito será apresentada em alguns dias. A juíza Jerram tem o poder de suspender os trabalhos deste inquérito e referí-lo à Promotoria Pública. Provavelmente, ela deve apenas fazer suas recomendações e apresentar as conclusões do que ouviu.

O advogado de defesa da família Laudísio, Peter Hamil também se pronunciou hoje. Ele disse que tudo o que Roberto fez foi reagir à força policial. Ele inclusive questionou a legalidade da perseguição policial dizendo que Roberto era um homem livre e lembrou o que o dono da loja de conveniência disse em seu depoimento: que, ao ver Roberto claramente perturbado, ele acabou dando os pacotes de bolacha para ele. Isso do ponto de vista legal é vital para o rumo que o processo vai tomar.

Bruce Hodgkinson, advogado que representa a polícia de Nova Gales do Sul também se pronunciou e disse que a força policial do estado estava revendo o uso de taser e o treinamento de seus agentes. Segundo Hodgkinson, a polícia está particularmente preocupada com o modo “drive stun” do taser, que permitiu a descarga elétrica à queima roupa, diretamente no corpo de Roberto. Os trabalhos ainda estão em andamento e devem terminar hoje.

Família

A irmã dp estudante brasileiro, Ana Laudísio, prestou seu primeiro depoimento e falou diretamente aos policiais que dispararam o taser contra seu irmão. Ela disse que viu com “repugnância” o que foi apresentado pela polícia durante essas duas semanas de inquérito.

Domingos Laudísio, o tio de Roberto, falou após Ana e, tremendo de raiva, acusou os policiais de mentirem. Ele disse sentir ódio e que, muitas vezes, não acreditou no que ouviu dos policiais.

 

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