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Reunião de ministros do G20 no México deve terminar sem consenso, avalia Le Monde

O Le Monde com data de segunda-feira, 27 de fevereiro, analisa o impasse no interior do G20 quanto à capitalização solicitada pelo FMI de US$ 600 bilhões, destinada a ajudar os países endividados da zona do euro e nações periféricas a superar a crise econômica atual.

As medidas de desvalorização das moedas americana e chinesa colocam os países do G20 em pé de guerra.
As medidas de desvalorização das moedas americana e chinesa colocam os países do G20 em pé de guerra. Reuters
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"Por que US$ 600 bilhões?", se interroga o Le Monde. Segundo o jornal, o FMI fez as contas e chegou à conclusão que para apagar o incêndio nas finanças mundiais são necessários US$ 2 trilhões. O próprio FMI e a zona do euro podem mobilizar US$ 1 trilhão. Como a zona do euro é responsável pela crise atual, o FMI considera legítimo pedir um esforço adicional de US$ 500 bilhões aos europeus. Ficam faltando US$ 500 bilhões para pedir ao resto do mundo, mais US$ 100 bilhões de reservas que o FMI é obrigado a manter em carteira de acordo com as regras da instituição.

Os ministros das Finanças do G20 reunidos neste fim de semana no México vão passar dois dias discutindo o assunto e, na avaliação do Le Monde, estão longe de vencer o impasse. 

A Grécia já recebeu uma ajuda financeira do FMI equivalente a 2.400% de sua quota, quando o limite pelas regras do órgão é de 300%. Nos Estados Unidos, explica o jornal francês, os republicanos são contra continuar ajudando os países endividados da zona do euro porque basta eles receberem dinheiro novo para se acomodar e abandonar os ajustes em suas contas públicas.

Só o Japão anunciou estar disposto a contribuir com US$ 50 bilhões. Estados Unidos e Índia estão de acordo em reforçar o FMI, mas não em ajudar a Europa, que teria meios suficientes de fazer a faxina em casa sem ajuda externa (o bloco como um todo tem excedente comercial).

"Outros como o Brasil e a China estão dispostos a abrir a carteira", escreve o Le Monde, mas exigem compensações. O Brasil quer ter mais voz nas decisões do FMI. A China quer que os europeus parem com as ações antidumping contra os produtos chineses.

Alguns ministros dos G20 acham que a tempestade está passando, que a economia mundial vai voltar a crescer e tudo vai se ajeitar apesar de Grécia e Itália continuarem em alerta vermelho. Outros acham que mobilizar US$ 600 bilhões seria um sinal perigoso de quebradeira iminente. Diante do risco, os mercados sempre agem maneira atabalhoada.

A Alemanha está dividida. A chanceler Angela Merkel tem medo de continuar gastando o dinheiro do eleitorado, que vai acabar dando o troco nas urnas nas próximas eleições. Já o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, é a favor de fazer o esforço necessário para tranquilizar de vez os investidores.

Sobra para a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, a difícil tarefa de convencer os países abarrotados em reservas (Arábia Saudita, China, Índia, Rússia) a assumir o lugar dos Estados Unidos no reforço financeiro do Fundo, mas ninguém acredita que uma solução de consenso vá sair nesse fim de semana de debates no México.

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