Brasil, reino do silicone, se preocupa com caso PIP, diz Le Monde

Em uma reportagem de página inteira, o jornal Le Monde avalia o impacto do escândalo das próteses mamárias defeituosas da marca francesa PIP. Segundo o diário francês, 12 mil brasileiras são portadoras dos implantes de silicone da marca. No Brasil, 300 mil mulheres por ano se submetem a cirurgias estéticas para aumento das mamas. 

Enfermeira exibe prótese de silicone defeituosa da marca PIP. REUTERS/Eric Gaillard

A reportagem do jornal francês Le Monde apresenta o Brasil como um dos maiores centros de consumo e de produção de próteses mamárias de silicone, atrás, apenas, dos Estados Unidos. A expansão da classe média e o culto ao corpo, diz Le Monde, impulsionam o lucrativo mercado das cirurgias plásticas.

Instalada no Rio de Janeiro, a poucos metros da favela de Vigário Geral, a Silimed é a maior fabricante de próteses da América Latina. Em uma visita às instalações da empresa, o jornal destaca que são produzidas no local 1.600 próteses por dia, o que levou a uma produção anual para 340.000 em 2010. Dois terços da produção são para consumo local.

Na avaliação do jornal Le Monde, o caso das próteses francesas defeituosas preocupa o setor médico brasileiro. Embora, oficialmente, as autoridades não adotem um discurso alarmista. Ouvido pelo jornal, o médico José Horacio Aboudib, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, afirmou que “enquanto a próteses [da PIP] estiver intacta, não há motivo para operar”. O cirurgião acrescentou ainda que o assunto “é mais um problema político francês que um problema médico”.

O Conselho Federal de Medicina também tenta atenuar o problema e afirmou que os médicos, as autoridades de vigilância sanitária e os fabricantes de próteses de silicone no Brasil estão atentos à qualidade dos produtos. Mas um funcionário da brasileira Silimed, em condição de anonimato, diz que há uma grande ameaça no Brasil: a chegada de próteses “low cost” produzidas na China.