Jornais franceses homenageiam Vaclav Havel
Os jornais franceses desta segunda-feira dão destaque à morte do dramaturgo e ex-presidente tcheco Vaclav Havel neste domingo, aos 75 anos. Opositor do comunismo e artífice da chamada "Revolução de Veludo", ele foi o primeiro presidente eleito democraticamente após a queda da cortina de ferro. A imprensa ressalta que líderes de toda a Europa foram unânimes ao homenagear Havel.
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O progressista Libération, que dedica sua capa inteira e cinco páginas de reportagens e análises à vida e ao legado de Havel, afirma que o "presidente-filósofo" deixou um exemplo importante para esta época "de revouções e de transições febris" ao evitar a tentação de se vingar daqueles que o perseguiram durante o período comunista na Tchecoslováquia.
La Croix afirma que Vaclav Havel encarnava uma Europa que acredita em seus valores de humanismo e liberdade. "Diante do poder arbitrário, ele havia desenvolvido uma estratégia de dissidência baseada em princípios humanistas e não violentos", diz o jornal católico.
"Foi o anticonformismo que ele demonstrou durante os anos de chumbo do regime supostamente comunista instalado em Praga e até a queda da cortina de ferro que fez do dramaturgo tcheco essa figura moral incontestável de dimensão tanto nacional quanto internacional", escreve L'Humanité. O diário comunista não deixa no entanto de criticar o posicionamento pró-americano de Vaclav Havel como presidente, que o fez defender a invasão do Iraque, e sua adesão às políticas "neoliberais" da Europa.
Para Le Figaro, Vaclav Havel era "a consciência moral da Europa pós-comunista". Usando uma frase do dramaturgo americano Arthur Miller, o jornal conservador lembra que o "primeiro presidente surrealista do mundo" contribuiu para garantir o sucesso da transição entre o regime comunista e a democracia. "Marcada por um humor muitas vezes desesperado, toda a obra de Havel é impregnada pela obsessão de 'dizer a verdade' e lutar para manter a identidade do homem, negada pelo regime comunista".
O diário econômico Les Echos ressalta que Vaclav Havel, o "combatente da liberdade", simbolizava o "casamento possível de um intelectual com a política".
Os jornais franceses também trazem hoje em suas páginas de cultura homenagens à cantora cabo-verdiana Cesária Évora, que morreu no último sábado.
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