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Líbia/Kadafi

Médico diz que Kadafi morreu com tiro no abdome, ONU quer investigação

Muammar Kadafi teria morrido com um tiro no abdome, segundo relatório de um médico que examinou o corpo do ex-ditador. O Alto Comissariado da ONU para os direitos humanos pediu, nessa sexta-feira, que seja realizada uma investigação sobre as circunstâncias exatas da morte do ex-líder líbio.

Corpo de Mouamar Kadhafi exposto em uma casa em Misrata no dia 20/10/ 2011.
Corpo de Mouamar Kadhafi exposto em uma casa em Misrata no dia 20/10/ 2011. REUTERS/Thaier al-Sudani
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“Kadhafi estava vivo quando foi preso e morreu depois. Uma bala perfurou seu intestino”, disse o médico Ibrahim Tika para o canal de televisão Al Arábia. “Depois ele recebeu um tiro na cabeça”, completou. As declarações do médico aumentam as controvérsias sobre as circunstâncias da morte do ex-ditador. O primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição, Mahmoud Jibril, tinha afirmado, na noite de quinta-feira, que Muammar Kadafi morreu após receber um tiro na cabeça durante um confronto com rebeldes em Sirte. O dirigente negou que o ex-presidente tenha sido executado e insistiu que não havia ordens para matá-lo.

O porta-voz do Alto comissariado da ONU para os direitos humanos, Rupert Colville, declarou, nessa sexta-feira, que as circunstâncias da morte de Kadafi não estavam claras e que uma investigação deveria ser realizada. Ele afirmou que os dois vídeos da morte de Kadafi, divulgados no site Youtube, eram “muito preocupantes”.

O emissário do Conselho nacional de transição líbio na França, Mansour Saif al-Nasr, disse hoje, a uma rádio francesa, que não acredita que Kadafi tenha sido linchado. Ele anunciou que uma comissão de investigação será criada para determinar as condições nas quais o ex-ditador morreu.

Versão do CNT

Conforme o relato de Jibril, Kadafi estava a bordo de um jipe em meio a um comboio que foi reparado pelos rebeldes, iniciando um tiroteio. “Ele saiu do carro e tentou fugir, se refugiou em um esgoto. Os rebeldes abriram fogo novamente e ele saiu, portando uma kalachnikov em uma mão e uma pistola na outra”, contou Jibril, em coletiva de imprensa em Trípoli, ao mesmo tempo em que lia um relatório médico sobre a morte do ex-ditador. “Ele olhou para a esquerda e para a direita e perguntou ‘o que está acontecendo?’. Os rebeldes abriram fogo mais uma vez, ferindo-o no ombro e na perna.”

De acordo com o presidente do CNT, depois disso o ex-ditador não apresentou mais resistência e foi levado para uma caminhonete dos insurgentes. “Quando o veículo começou a andar, iniciou-se mais um tiroteio entre os revolucionários e os guarda-costas de Kadafi, que o atingiu com uma bala na cabeça”, relatou, informando que o médico legista que examinou o corpo não determinou se a bala que o matou vinha dos insurgentes ou dos kadafistas. O presidente do CNT acrescentou que Kadafi morreu pouco antes de chegar ao hospital.

Os corpos do ex-presidente e de um de seus filhos, Muatassim, encontram-se em uma casa em Misrata, uma das cidades-símbolo da revolução líbia. A agência AFP realizou fotos do ditador, em que ele aparece sem camisa e com marcas de sangue no abdome e na cabeça.

Nas ruas das principais cidades da Líbia, a população festejou a morte de Kadafi com comemorações nas ruas, tiros para o alto, fogos de artifício, buzinadas e bandeiras do novo regime.

Brasil não festeja a morte

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, reagiu à morte de Kadafi afirmando que apoia as mudanças na Líbia, mas não festeja morte de ninguém. “Acho que a Líbia está passando por um processo de transformação democrática. Agora, isso não significa que a gente comemore a morte de qualquer líder que seja”, declarou Dilma a jornalistas brasileiros que acompanham a turnê da presidente na Africa.

Em Luanda, em Angola, ela acrescentou que “o processo democrático na Líbia deve ser apoiado e encorajado”, e que ela “fará todo o possível para que a reconstrução aconteça em um clima de paz”.

 

 

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