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Especialistas de moda reagem à demissão de Galliano da Dior

A imprensa francesa desta quarta-feira ouve especialistas de moda, que comentam a decisão anunciada na terça pela Maison Christian Dior de rescindir seu contrato com o estilista britânico John Galliano, três dias antes do desfile na Semana de Moda de Paris. As reações publicadas nos jornais Le Figaro, Libération e Les Echos deixam entender que a marca não tinha outra escolha a não ser se desvincular do seu diretor de criação.

O estilista britânico John Galliano
O estilista britânico John Galliano © Reuters
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Em entrevista ao Les Echos, o especialista de marketing Dominique Cuvillier reconhece que o grupo LVMH, proprietário da francesa Dior, agiu rapidamente. Para ele, foi uma decisão difícil que talvez não prejudique tanto as vendas.

"A Dior é uma marca muito forte. Os consumidores compram por seu nome e não por seu estilista", opina o marketeiro.

O maior volume de vendas da Dior é registrado na Ásia e nos Estados Unidos.

Galliano afirma em vídeo amador que "ama Hitler"

Em nota, o executivo-chefe da marca francesa, Sidney Toledano, afirma que condena com firmeza os comentários de John Galliano, "em total contradição com os valores essenciais que sempre foram defendidos pela Maison Christian Dior".

A gota d'água foi o vídeo publicado pelo tablóide britânico The Sun, no domingo, em que Galliano aparece bêbado, sentado em um bar, e profere insultos antissemitas logo depois de dizer que ama Hitler. "As imagens aceleraram sua desgraça", afirma Libération. O jornal explica que a aparição do vídeo veio logo após das implicações do estilista em supostas discussões de caráter racista em outubro do ano passado e no último dia 24 de fevereiro. Duas mulheres o acusam de tê-las insultado.

Fontes ouvidas pelos jornais franceses evocam que já havia tensões há alguns meses entre a Maison Dior e o estilista, que estaria cada vez mais depressivo. O britânico havia sido contratado como diretor de criação em 1996.

"Esplendor e decadência de um bastardo inglório", anuncia Le Figaro

Um especialista de moda que não quis ser identificado disse ao Les Echos que o contrato de Galliano já estava chegando ao fim e que a direção da marca se perguntava se o seu estilo ainda poderia durar. Estilo este chamado pelo Le Figaro de "sulfuroso" e "excêntrico". O jornal traz no título de sua reportagem: "Esplendor e decadência de um "inglourious basterd" (em português "bastardo inglório").

A jornalista do Le Figaro sugere que os comentários antissemitas de Galliano seriam, na verdade, "uma mensagem de desespero, um ato de suicídio no limite da consciência, mais do que afirmações de suas convicções raciais ou políticas". "Tudo isso, porém, não justifica sua conduta", completa.

O texto termina dizendo: "Não é porque a moda autoriza tudo que ela pode se permitir a tudo. A Dior não cuidou antes do seu filho terrível e agora não teve outra escolha senão largá-lo na sua dor".
 

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