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FRANÇA

França: demissão surpresa de ministro da ecologia

Nicolas Hulot anunciou esta manhã à rádio France Inter a sua saída do governo francês. Trata-se de um golpe duro para o presidente Emmanuel Macron por Hulot se tratar do número três do executivo. Uma saída anunciada em primeira mão na rádio, o governo deplora, por isso a falta "de cortesia" do, até agora, ministro do ambiente.

Nicolas Hulot, ministro da ecologia, anunciou hoje a sua demissão na rádio, sem prevenir nem o presidente nem o primeiro-ministro.
Nicolas Hulot, ministro da ecologia, anunciou hoje a sua demissão na rádio, sem prevenir nem o presidente nem o primeiro-ministro. Captura de vídeo
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O Eliseu, a presidência francesa, em declarações à agência AFP, alega que Hulot pode estar orgulhoso do seu balanço e descartando uma remodelação ministerial de imediato.

"Em 14 meses o balanço do governo em matéria de ambiente é o melhor desde há muitos anos".

A presidência francesa citou, para exemplificar, a retirada prevista das centrais de carvão ou da central nuclear de Fessenheim, o fim do controverso projecto do aeroporto de Notre Dame des Landes, o dossier do glifosato ou a promoção da alimentação biológica.

Para justificar a sua saída do governo Nicolas Hulot, como ministro da transição ecológica, ele afirmou sentir-se "só no comando" ao nível dos temas ambientais, no seio do executivo.

"Só não hei-de lá chegar, tenho alguma influência, não tenho é poder", acrescentou o governante, referindo-se à sua saída como de uma medida "pesada" e "dolorosa".

Ouça aqui um extracto das suas declarações, com tradução de João Matos.

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Nicolas Hulot, ministro cessante da transição ecológica em França

O porta-voz do governo, Benjamin Griveaux, lamentou a sua partida e também a falta de "cortesia" de Hulot para com o primeiro-ministro e o presidente.

Nomeado em Maio de 2017, após ter desistido um ano antes de uma candidatura às eleições presidenciais, Nicolas Hulot teve que pactuar com decisões contrárias às suas convicções.

Caso da entrada em vigor provisoriamente do Acordo de livre comércio União Europeia Canadá, Ceta, ou o adiamento da diminuição da percentagem da energia nuclear para metade da electricidade até 2050.

Do nuclear ele falava em "loucura inútil (...) na qual se teima".

Nesta segunda-feira o Eliseu tinha anunciado a redução do preço da licença de caça, de 400 para 200 euros, na sequência de uma reunião de alto nível, facto que pode ter pesado na sua decisão.

Hulot denunciou a presença do conselheiro político da Federação nacional dos caçadores, Thierry Coste, no evento, um "homem de lóbis" que "não tem nada que fazer ali"... o que "acabou de me convencer que as coisas não funcionam como deveriam."

Em termos de reacções os ambientalistas denunciam um desperdício, com o eurodeuptado verde, porém, Yannick Jadot a dizer que Hulot teve razão ao ir-se embora.

O chefe dos Republicanos, da direita, Laurente Wauquiez, disse perceber que "ele se sente traído hoje como muitos Franceses por muitas promessas feitas e o sentimento de que elas não são cumpridas".

Para o líder da França insubmissa, extrema esquerda, Jean-Luc Mélenchon esta partida é "como uma moção de censura contra Macron", o presidente.

Por seu lado Marine Le Pen, chefe da União nacional, de extrema direita, afirmou que Nicolas Hulot "coloca o dedo onde magoa" ao denunciar "a submissão do governo (...) ao modelo económico ultraliberal."

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