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França

França quase paralisada pela greve nos caminhos-de-ferro

Primeiro dia duma greve na companhia nacional dos caminhos-de-ferro em França que vai durar até o mês de junho. Os maquinistas que estão no centro desta greve declaram que este primeiro dia de greve está a ter uma grande participação, um movimento de contestação contra a reforma do presidente Macron que quer abrir a companhia à concorrência e à privatização.

Grevistas na estação ferroviária de Lille Flandres, no norte da França, no 1° dia de greve que vai durar até junho
Grevistas na estação ferroviária de Lille Flandres, no norte da França, no 1° dia de greve que vai durar até junho REUTERS/Pascal Rossignol
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Como antecipou a SNCF, companhia nacional dos caminhos-de-ferro de França, a circulação dos diferentes comboios que ligam o país internamente e ao exterior está muito perturbada. 

Um em 8 comboios de alta velocidade, TGV e um comboio regional em 5 estão a circular, e enquanto os grevistas dizem que a tendência do movimento de greve  é para crescer,  governo afirma do seu lado que que a situação está controlada.

Quanto à direcção da SNCF, que recrutou quadros que obtiveram um bónus para substituir grevistas, declarou que a taxa média dos grevistas é de 33,9% neste primeiro dia de greve. 

Mas para os grevistas indispensáveis à circulação dos comboios a taxa média de participação é de 48%, registando-se uma subida de mais de 10% em relação ao lançamento-teste do movimento de greve de 22 de março, que teve uma taxa de 36% de grevistas.

Entre os maquinistas a taxa dispara para 77% de grevistas e nos revisores é de 69% por cento, pelo que declaram ser um sucesso este primeiro dia de greve.

As reacções entre os utentes dos transportes públicos são contraditórias, como sempre, pois, em todas as greves os franceses criticam, porque são lesados nos seus movimentos de circulação, mas apoiam, porque consideram que os maquinistas e os empregados da SNCF duma maneira geral têm muitos privilégios, quando comparados com outros funcionários públicos.

Assim os franceses apresentam-se divididos, com 50% por cento de cada lado, mas sobre críticas pode haver evolução ao longo do movimento de greve, porque, quando há greve em França, num sector, outros sectores fazem também greve, reivindicando prebendas que outros receberam.

No meio sindical, 4 grandes centrais, CGT, UNSA, SUD e CFDT, apoiam o movimento de greve denunciando a reforma Macron que "visa destruir o serviço público ferroviário por puro dogmatismo".

Uma reforma vista pelos sindicalistas como sendo de cariz liberal visando suprimir postos de trabalho, acabar com o estatuto dos maquinistas que vão para a reforma aos 58 anos e dispõem de salários, férias, prémios e subsídios, representanto em média 14 folhas de vencimento, num ano, criando assim uma grande disparidade com outras categorias profissionais.

Outro ponto muito denunciado pelos sindicatos é a abertura da empresa ferroviária à concorrência e ao mercado aberto e mundial, com a SNCF, empresa pública a ser transformada em sociedade anónima SARL de responsabilidade limitada.

Um novo estatuto que abre as portas à privatização da empresa pública francesa. Mais, os sindicatos consideram que a reforma Macron "não resolverá a questão da dívida de cerca de 46,6 mil milhões de euros, em 2017 nem disfunções que existem na empresa.

Outro aspecto muito criticado é o autoritarismo do presidente Emmanuel Macron, que desde que chegou ao poder tem governado por decretos e esta reforma da SNCF, prevê o recurso a decretos em certos pontos da lei-quadro.

Mas, até agora, o governo continua a dizer que a reforma é para ser levada adiante e que a lei-quadro da reforma segue já no dia 17 de abril para a Assembleia nacional. 

Só que, mais uma vez, o presidente Macron que tem uma maioria folgada no Parlamento, tem sempre luz verde dos deputados do seu partido República em Marcha, a ponto de não haver um debate a fundo dos diplomas. 

Aliás, o presidente Macron, quer inclusivamente, limitar o direito parlamentar de emendas apresentadas pela oposição, o que é denunciado como autoritarismo por políticos e deputados quer da esquerda quer da direita e da extrema direita.

O presidente Emmanuel Macron, não escondeu durante a campanha presidencial que se ganhasse as eleições reformaria a França, como Júpiter ou como Napoleão, chegando a dizer que o francês é preguiçoso e não gosta de trabalhar, mas que o povo está preparado para ter uma Monarquia.

Mas oiçamos a análise de França, Carlos Pereira, director do Lusojornal às comunidades lusófonas de França, que reconhece ser a greve um direito constitucional, mas esta na SNCF é abusiva porque penaliza os utentes e pessoas de outras empresas que não têm as mesmas regalias.

04:22

Carlos Pereira, Director do Lusojornal das comunidades lusófonas em França

 

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