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Adeus de Obama à Europa:“Várias nuvens se estão a adensar”

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A última viagem oficial de Barack Obama à Europa ficou marcada pela “reafirmação de alianças e da relação especial entre os Estados Unidos e a Europa” numa tentativa de influenciar o próximo presidente americano, Donald Trump. A análise é de Francisco Bethencourt, professor no King’s College, em Londres, que considera que há “várias nuvens que se estão a adensar e que estão a pôr em questão os próximos anos”.

Barack Obama a despedir-se em Berlim. 18 de Novembro de 2016.
Barack Obama a despedir-se em Berlim. 18 de Novembro de 2016. Clemens BILAN / AFP
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O último périplo europeu de Barack Obama, enquanto presidente dos Estados Unidos, teve como ponto principal uma reunião em Berlim, hoje, com os mais próximos aliados europeus: a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente francês, François Hollande, a primeira-ministra britânica, Theresa May, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy.

Um “adeus agridoce” de acordo com o Washington Post, tendo em conta que a Europa não deverá ser uma prioridade para os norte-americanos nos próximos anos com Donald Trump a defender a “America First”. Acrescem as preocupações com os laços transatlânticos e com a prometida infidelidade de Trump aos acordos assumidos no seio da NATO ou ao Acordo do Clima de Paris.

Francisco Bethencourt, professor no King’s College, em Londres, interpreta a reunião informal de hoje como um sinal da “reafirmação da aliança entre Estados Unidos e Europa” e uma tentativa de influenciar o próximo presidente americano, Donald Trump, afastando a hipótese de “passagem de testemunho” de Obama a Merkel.

“Não é uma passagem de testemunho para um outro país liderar o mundo liberal, digamos assim, mas é uma reafirmação de alianças e da relação especial entre os Estados Unidos e a Europa que está em questão”, afirmou, sublinhando que a passagem pela Grécia e a manifestação da preocupação de Obama em relação às finanças gregas “é uma preocupação também de segurança no sentido de evitar uma separação da Grécia em relação à Europa e um enfraquecimento da Europa ainda maior”.

Questionado sobre o apelo, em Berlim, de Barack Obama para a continuação da cooperação norte-americana na NATO, Francisco Bettencourt acredita que o presidente cessante “não vai ser bem sucedido”.

Quanto ao acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia - que hoje Angela Merkel admitiu que não vai ser concluído face ao proteccionismo de Trump - o politólogo concordou que “é possível que o acordo não vá para a frente”, destacando que “todo o sistema de comércio internacional está em questão com a nova presidência americana”.

“Temos várias nuvens aqui que se estão a adensar e que estão a pôr em questão os próximos anos”, declarou, acrescentando que “se a política internacional americana mudar radicalmente com Donald Trump, isso significará o enfraquecimento da Europa, significará o equivalente fortalecimento da Rússia e é visível a estratégia russa de reconstrucção do antigo império czarista”.
 

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