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AF447/caixas-pretas

Diálogos dos pilotos do AF447 não serão divulgados, diz BEA

Os dados das duas caixas-pretas do voo AF447, que chegaram nesta quinta-feira ao BEA, a agência civil francesa que investiga as causas do acidente, estão provavelmente em bom estado, segundo o chefe da investigação, Alain Bouillard. Os dois equipamentos, que foram lacrados pela Justiça, serão abertos ainda nesta quinta-feira. Esta é primeira vez na história da aviação que os gravadores foram resgatados a 4 mil metros de profundidade, depois de dois anos no mar.

Coletiva do BEA (Birô de Investigações e Análises), escritório francês que investiga a segurança na aviação civil
Coletiva do BEA (Birô de Investigações e Análises), escritório francês que investiga a segurança na aviação civil T.Stivanin
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O FDR (Flight Data Recorder), que registra os parâmetros do voo, e o CVR (Cockpit Voice Recorder), com os diálogos dos pilotos, serão submetidos a testes elétricos ainda nesta quinta-feira. Caso os resultados sejam positivos, a equipe poderá fazer o download dos dados, o que levará algumas horas. Mas a análise deve demorar vários meses. O BEA deve anunciar na próxima segunda-feira se as caixas-pretas poderão ser imediatamente decodificadas. Caso contrário, os dois gravadores serão enviados para o fabricante, Honeywell, na França. “O gravador do cockpit está inteiro, com as balizas ainda presas e isso nos leva a crer que poderemos utilizar alguma informação”, disse o chefe das investigações, Alain Bouillard. “Vamos iniciar os testes de verificação antes da tentativa de primeira leitura das caixas”, declarou.

A carta de memória das caixas-pretas passará por uma limpeza minuciosa, segundo Bouillard. Em seguida, será analisada com uma lupa ao microscópio para verificar se há pontos de corrosão ou fissuras. Apenas se ela estiver totalmente intacta, a agência fará uma tentativa de decodificação. “Se há um problema, preferimos evitar a manipulação, já que existe o risco de perder os dados”, ressaltou.

Mas, mesmo sem as caixas-pretas, os destroços encontrados podem trazer indícios importantes do que aconteceu na noite do acidente. Entre eles, as calculadoras de vôo, o cockpit, os motores, uma das turbinas e o avionic bay, computadores de bordo situados na cabine de pilotagem, que podem, por exemplo, indicar os parâmetros dos sensores Pitot. As sondas indicam a velocidade do avião e são apontadas como um dos responsáveis pela catástrofe. “Mesmo sem as caixas, poderemos ter elementos úteis para a investigação”, diz. À condição, segundo ele, que as calculadoras, por exemplo, possam ser decodificadas, como as caixas-pretas.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o diretor do BEA, Jean Paul Troadec, disse que o diálogos com os pilotos não serão divulgados. “As transcrições só virão a público se as informações forem importantes para investigação”, ressaltou. De acordo com ele, o cockpit da aeronave será resgatado nesta quinta-feira. A quinta fase das operações termina oficialmente nesta sexta-feira.

Para garantir a transparência da investigação, o coronel brasileiro Luis Claudio Lupoli, representante brasileiro do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), participará da análise das caixas-pretas, depois de ter acompanhado o resgate dos equipamentos no navio Ile de Sein. “Foi um alívio. Uma vitória para todos que participaram da investigação e da aviação em geral. Assim será possível saber o que aconteceu. Esse resgate entrou para a história porque foi o primeiro ocorrido em águas tão profundas. Descobrimos uma agulha no palheiro.”

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O coronel Luis Claudio Lupoli, representante brasileiro do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos)

O Brasil também enviou o major da Aeronáutica Sidney Silva para acompanhar o trabalho do BEA. O objetivo é construir um laboratório de investigações de acidentes, para que o país, confrontado a algumas catástrofes, não necessite enviar elementos para serem analisados no exterior, segundo Lupoli. O relatório completo do voo 447 não será divulgado antes de 2012, de acordo com o BEA.

Corpos

As primeiras amostras recolhidas pelos peritos nos restos mortais das duas vítimas resgatadas na semana passada chegaram nesta quinta-feira à França, junto com as caixas-pretas. Elas foram enviadas para um laboratório, onde os peritos farão uma análise do DNA. Os resultados deverão ser divulgados na próxima quarta-feira, segundo o coronel François Daoust, diretor do Instituto de Pesquisas Criminais da Gendarmaria Nacional. Caso a identificação seja possível a equipe fará novas tentativas de resgate dos corpos. De acordo com a perícia francesa, os restos mortais das vítimas incluem ossos como o fêmur, o que facilitaria, em princípio, a identificação.  Em uma carta enviada às famílias nesta terça-feira, os juízes responsáveis pelo processo de homicídio culposo contra a Air France e a Airbus informaram que só serão resgatadas as vítimas que possam ser identificadas.
 

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