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Bolívia/cultura

Em Paris, chanceler boliviano defende descriminalização da folha de coca

O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, esteve nesta quarta-feira em Paris para defender a descriminalização do uso da folha de coca para mastigação, um costume tradicional na Bolívia

Foi lançada, nesta terça-feira, uma bebida gasosa à base de folha de coca chamada "Coca Brynco".
Foi lançada, nesta terça-feira, uma bebida gasosa à base de folha de coca chamada "Coca Brynco". Reuters
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A Bolívia tenta fazer um lobby nesta semana em cinco países europeus para retirar a coca da lista das Nações Unidas de entorpecentes. O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, já conseguiu o apoio de autoridades espanholas, em visita a Madrid, e esteve na manhã desta quarta-feira em Paris. Em seguida, foi para Bruxelas e ainda passa por Londres e Estocolmo.

Um dos interesses é econômico, já que a Bolívia é o terceiro produtor mundial da folha de coca. Segundo a ONU, o país andino possui 30.500 hectares de plantação. Dois terços são ilegais e parte é desviada ao narcotráfico. Além do uso medicinal e terapêutico, a folha é utilizada na fabricação da cocaína. Há muitos anos, o governo boliviano tenta convencer a comunidade internacional a reconhecer que a coca não é um entorpecente em seu estado natural.

Inclusive para lhe dar uma boa imagem, foi lançada, nesta terça-feira, uma bebida gasosa à base de folha de coca chamada "Coca Brynco", uma concorrente da "Coca Colla" boliviana, que é escrita com dois eles e é bem diferente da bebida americana.

Além do uso em líquidos, a mastigação da folha ajuda a oxigenar o sangue em grandes altitudes, é recomendada no combate a dores, vertigens e reumatismos, além de aliviar a sensação de fome e sede. Colonizadores espanhóis teriam introduzido o hábito entre índios e escravos para aumentar a resistência nos trabalhos duros em campos e minas.

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O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca

Em seu tour pela Europa, o ministro boliviano das Relações Exteriores diz que defende a cultura dos índios Aimáras. " É uma oportunidade de mostrar à comunidade internacional o direito que os bolivianos têm de exercer sua cultura", disse. Reconhecida na Bolívia como patrimônio cultural, a coca significa "sagrado" em língua indígena. Até o próximo dia 31, caso nenhum país apresente objeção contra a emenda boliviana na Convenção da ONU, o hábito de mascar a folha de coca será descriminalizado pelas Nações Unidas.
 

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