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França

Futebol francês: certos jogadores recusam símbolos LGBT

Assinala-se esta quarta-feira o dia pela igualdade na diversidade. Como todos os anos, 17 de Maio é o Dia Mundial contra a Homofobia, uma data que visa agir contra a violência física, psicológica ou sexual, contra as pessoas LGBT.

Kylian Mbappé, avançado do PSG, vestiu a camisola com o padrão da bandeira arco-íris, símbolo LGBT.
Kylian Mbappé, avançado do PSG, vestiu a camisola com o padrão da bandeira arco-íris, símbolo LGBT. © FRANCK FIFE / AFP
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"Homossexuais ou heterossexuais, vestimos todos a mesma camisola”, este foi o lema escolhido pela liga francesa de futebol para a campanha anual contra a discriminação no futebol que decorreu no fim de semana passado.

Nas camisolas dos jogadores da Primeira e Segunda Ligas devia ter o padrão da bandeira arco-íris, símbolo LGBT, mas houve quem se tenha recusado a vesti-las.

Quatro jogadores da primeira e um da segunda, oficialmente, recusaram vestir a camisola em que o número do atleta tinha as cores do arco-íris: o internacional marroquino Zakaria Aboukhlal, o neerlandês Saïd Hamulic e o internacional maliano Moussa Diarra, ambos os três do Toulouse, o internacional egipcio Mostafa Mohamed do Nantes, e o senegalês Donatien Gomis do Guingamp, clube da segunda divisão.

De notar que o egipcio Mostafa Mohamed foi multado pelo clube e o dinheiro angariado foi revertido para uma associação que luta contra a homofobia. O montante não foi divulgado.

Atitudes que foram condenadas pela ministra francesa do Desporto: «O objectivo da campanha era passar uma simples mensagem contra a discriminação, algo essencial num país como a França, que defende e promove os direitos humanos. Por isso, os jogadores que recusaram fazê-lo devem ser sancionados. Os clubes têm de educar e trabalhar melhor com os seus jogadores, para que eles entendam a importância deste tipo de campanhas», atirou Amélie Oudéa-Castéra, em declarações à televisão francesa, France 3.

Em 2022, houve um aumento de 3% dos actos anti-LGBT, comparativamente a 2021, com mais de 4 mil actos homofóbicos registados. De notar que dessas infracções, mais de 2 420 são crimes anti-LGBT, o que significa um aumento de 13% em relação a 2021.

Desde 2016, os crimes anti-LGBT subiram mais de 129%, tendo em conta que apenas 20% das vítimas fazem queixa junto da polícia.

A maioria das vítimas são homens, cerca de 72% do total das pessoas insultadas. Os autores desses crimes são também eles maioritariamente homens, cerca de 83%.

O Governo francês diz que vai apresentar antes do Verão um plano para lutar contra as violências feiras às pessoas LGBT.

Recorde-se que penalmente, a homossexualidade pode ser punida em mais de 70 países pelo mundo fora.

"A homofobia e a transfobia não podem ter lugar", defende Paulo Fontes, director de campanhas da Amnistia Internacional Portugal.

01:16

Paulo Fontes, director de campanhas da Amnistia Internacional Portugal 17-05-2023

"Homossexuais ou heterossexuais, vestimos todos a mesma camisola”, este foi o lema escolhido pela liga francesa de futebol para a campanha anual contra a discriminação no futebol que decorreu no fim de semana passado.
"Homossexuais ou heterossexuais, vestimos todos a mesma camisola”, este foi o lema escolhido pela liga francesa de futebol para a campanha anual contra a discriminação no futebol que decorreu no fim de semana passado. © CLEMENT MAHOUDEAU / AFP

Discriminação com base no género no futebol

Para além deste assunto relacionado com a luta contra a homofobia, Zakaria Aboukhlal, avançado marroquino de 23 anos, foi afastado da equipa do Toulouse.

O atleta terá tido um momento de tensão com uma deputada da cidade, durante as celebrações da equipa do Toulouse após a conquista da Taça de França.

A deputada, ouvindo vários jogadores incluindo Zakaria Aboukhlal conversar durante os diferentes discursos, pediu silêncio, algo que os atletas não gostaram e o internacional marroquino terá dito: "Em minha casa as mulheres não falam assim com os homens".

Alguns minutos depois, o avançado do Toulouse exigiu um pedido de desculpa da deputada, sempre segundo as informações avançadas pelos meios de comunicação franceses.

A deputada, Laurence Arribagé, minimizou o incidente, confirmando apenas que pediu silêncio aos jogadores e que eles não apreciaram esse pedido.

Agora o clube suspendeu o atleta e abriu uma investigação interna. 

Zakaria Aboukhlal, avançado do Toulouse.
Zakaria Aboukhlal, avançado do Toulouse. © AFP - CHARLY TRIBALLEAU

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