Calais: o calvário dos migrantes em França

Um comboio atropelou um grupo de quatro migrantes esta quinta-feira, 4 de Novembro, em Calais, fazendo uma vítima mortal e deixando três feridos.

Campo de migrantes em Calais. © AP - Christophe Ena

Cerca de 15.400 pessoas tentaram passar o Canal da Mancha de barco nos primeiros oito meses deste ano, 50% a mais do que no ano passado, apontam dados da guarda costeira francesa.

O Ministério Público francês abriu uma investigação por homicídio culposo para apurar as circunstâncias que levaram à morte de um migrante, atropelado por um comboio.

Esta linha ferroviária é uma via de passagem regular para os migrantes que tentam embarcar escondidos em camiões para tentarem chegar ao Reino Unido", informou o Ministério Público local. A vítima mortal foi encontrada esta manhã pela polícia, durante uma patrulha na zona industrial onde motoristas de transportes pesados costumam pernoitar antes de passarem o Canal da Mancha.

Foi aberta uma investigação por homicídio culposo para apurar as circunstâncias que levaram à morte de um jovem migrante.

Franck Dhersin, vice-presidente da região de Hauts em França, revelou entretanto que as vítimas eram provenientes da Eritreia, acrescentando que um dos três feridos está em estado grave. 

A circulação na estação de comboios ficou suspensa nos dois sentidos e foi "retomada esta sexta-feira de manhã", informou a SNCF.

Nos últimos cinco anos, as autoridades francesas têm imposto uma campanha implacável para evitar que os migrantes montem campos em Calais, onde centenas de pessoas vivem na floresta, sob pontes ou em terrenos baldios enquanto tentam traçar planos para chegar ao Reino Unido. O governo do presidente Emmanuel Macron não escondeu a sua determinação em evitar uma nova "selva", como ficou conhecida a extensa favela de Calais, que abrigava até 10.000 migrantes antes de ser demolida em 2016.