Merkel descarta novo perdão da dívida da Grécia
A chegada de um governo de extrema-esquerda ao poder na Grécia não tem impacto, por enquanto, na posição da Alemanha sobre as dívidas do país. O governo alemão segue intransigente em relação à austeridade e ao cumprimento dos acordos assinados pela Grécia com o FMI e as instituições europeias. A chanceler Angela Merkel reafirmou neste sábado (31) que não haverá novo perdão da dívida grega.
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O novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou ontem que pretende romper com a tutela da troika, formada pelo FMI, a União Europeia e o Banco Central Europeu, os maiores credores da Grécia. Mas, impassível, a chanceler Angela Merkel diz que não aceitará uma nova redução da dívida, como deseja o governo de Atenas.
Em entrevista publicada neste sábado pelo jornal alemão Hamburger Abendblatt, Merkel lembra que, em 2012, bancos privados "renunciaram voluntariamente a bilhões" da dívida grega. "Eu não vejo nenhum novo alívio da dívida grega", disse a chanceler. Esta é a primeira entrevista concedida por Merkel sobre a situação da Grécia desde a vitória do partido de extrema-esquerda Syriza nas eleições de domingo passado.
Bancos perdoaram € 100 bi de dívidas em 2012
No início de 2012, a Grécia concluiu uma operação de troca de dívida. Na ocasião, credores privados aceitaram substituir os títulos que tinham em caixa por outros papéis menos rentáveis. A operação permitiu que € 100 bilhões da dívida de Atenas fossem apagados. Mas a economia da Grécia, sob assistência financeira internacional desde 2010, está esmagada pelo peso de sua dívida, que atingiu cerca de 175% do seu Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, mais de € 320 bilhões.
Merkel afirmou que "a Europa vai continuar a mostrar solidariedade em relação à Grécia, como a outros países particularmente afetados pela crise, se esses países continuarem a realizar reformas estruturais e medidas de economia nas despesas públicas", explicou a líder alemã.
Questionada sobre os primeiros anúncios do governo Tsipras, como o aumento do salário mínimo e a contratação de funcionários públicos, Merkel destacou: "Nós, a Alemanha e outros parceiros europeus, estamos aguardando para ver com que conceito o novo governo grego virá a nós".
Em uma nota muito pessimista, analistas do banco alemão Berenberg avaliam que, após o retorno ao crescimento em 2014 (a previsão oficial é de 0,6%), a Grécia entrará em um novo período de recessão com o partido Syriza no governo.
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