Parlamento da Ucrânia renuncia a status de país não alinhado
A Ucrânia deu nesta terça-feira (23) um passo em direção ao ingresso na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao renunciar ao status de país não alinhado, posição que garante neutralidade a alguns países que não participam de conflitos armados, como a Suíça. O voto do parlamento ucraniano irritou a Rússia, às vésperas de uma nova rodada de negociações de paz entre Kiev e a rebelião pró-russa que tomou a região leste do país.
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Dominado por deputados pró-ocidentais, o parlamento ucraniano decidiu, por 303 votos a favor e oito contra, a aprovação de um projeto de lei que engaja Kiev a preencher todos os critérios necessários para sua adesão à aliança atlântica. O presidente ucraniano, Petro Porochenko, ainda deve promulgar o texto, mas já deu seu aval positivo, ressaltando a necessidade do país de se defender da “agressão militar russa” no leste da Ucrânia.
Para Moscou, a decisão do parlamento ucraniano é “absolutamente contra-produtiva”. De acordo com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, o voto favorável ao ingresso da Ucrânia à Otan só vai “aumentar o clima de confronto” entre os dois países.
Mesmo que o voto de hoje seja apenas simbólico, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, também mencionou a intenção da Rússia de “responder” à intenção da Ucrânia em integrar a aliança atlântica. “De fato, isso significa um pedido de adesão à Otan, o que transforma a Ucrânia em um adversário militar potencial da Rússia, que será obrigada a reagir”, publicou o premiê em seu perfil no Facebook.
Já a Otan se mostrou simpática à entrada de um possível novo integrante. "Nossas portas estão abertas. A Ucrânia pode se tornar um membro da Otan se fizer um pedido, atender aos padrões e aderir aos princípios necessários", declarou.
Negociações com os rebeldes
As novas tensões entre Kiev e Moscou são registradas um dia antes de uma nova rodada de negociações entre o governo ucraniano e os rebeldes pró-russos do leste do país. Porochenko anunciou o encontro com os líderes separatistas previsto para esta quarta-feira (24) e sexta-feira (26).
O principal obstáculo para um acordo entre as duas partes é a recusa de Kiev em colocar as finanças em ordem nas regiões tomadas pelos separatistas, onde os pensionistas estão sem renda e o pagamento dos benefícios sociais estão atrasados. A Ucrânia também exige o cancelamento das eleições nas regiões rebeldes, que elegeu governantes para as “repúblicas” de Lugansk e Donetsk em novembro.
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