Papa Bento 16 diz que se dedicará ''a preces e meditação'' em último Angelus em Roma

Em sua tradicional oração dominical celebrada na Basílica de São Pedro antes de deixar o cargo, no dia 28 de fevereiro, o papa Bento 16 declarou que estava "obedecendo a vontade de Deus e que não abandonaria a Igreja Católica." O conclave que escolherá o novo pontífice deve acontecer até o dia 15 de março, de acordo com o Vaticano. Aos 85 anos, o papa anunciou sua renúncia dia 11 de fevereiro, alegando não ter mais "forças" para continuar sua missão.

Papa Bento XVI durante última celebração do Angelus, no domingo(24 de fevereiro). REUTERS/Osservatore Romano

Em seu último Angelus diante de milhares de fiéis, e bastante emocionado, o papa Bento 16 declarou que ‘’Deus o havia pedido para se dedicar às preces e à meditação’’, o que não significava abandonar a igreja. Trata-se de um fato inédito em mais de 2 mil anos de história da igreja Católica : o pontífice falou de sua vida pessoal diante de mais de 100 mil pessoas que vieram dizer adeus. Os fiéis começaram a chegar de madrugada, e mais de 100 atiradores de elite estavam de prontidão. A última audiência do papa acontece na quarta-feira.

Da janela de seu apartamento, o Papa declarou : ‘O senhor me chama para subir no monte, para me dedicar ainda mais às preces e à meditação’’, disse, sendo interrompido várias vezes pelos aplausos da multidão, que seguravam bandeiras com os dizeres ‘Santo Padre nós amamos você’’ ou ‘’Obrigada sua Santidade.’’

De acordo com Bento 16, sua renúncia não significa um abandono da igreja, pelo contrário. ‘’Se Deus me pede isso, é justamente para que eu possa continuar a servir com a mesma intensidade e o mesmo amor, como fiz até agora, mas de uma maneira mais adaptada às minhas forças e à minha idade’’, explicou. Como de costume, Bento 16 cumprimentou os fiéis em diversas línguas, e se despediu com a frase : ‘’ nas orações, sempre estaremos próximos.’’

Transição é caótica

O período de transição no Vaticano está sendo marcado por um clima pesado, segundo a imprensa italiana, depois da publicação de escândalos sexuais e intrigas de poder e dinheiro, e de um ‘lobby gay’, que estaria chantageando a Cúria. O Vaticano desmentiu as informações no sábado, acusando os jornais de calúnia e de divulgar informações totalmente falsas.

O conclave que escolherá o novo Pontífice deve acontecer até o dia 15 de março. Por enquanto, nenhum ‘papabili’ é tido como favorito absoluto. Entre os cotados estão o canadense Marc Ouellet, o arcebispo de Milão Angelo Scola, o guineense Peter Turkson, o cardeal de Viena Christoph Schönborn, o arcebispo de São Paulo Odilo Pedro Scherer e o filipino Luis Antonio Tangle.