Candidato comediante rouba a cena na campanha das legislativas na Itália

Termina amanhã na Itália a campanha eleitoral para as eleições legislativas que se realizam no domingo e na segunda-feira. Os líderes políticos se esforçam em enviar mensagens ao importante eleitorado católico, com declarações respeitosas em relação ao Papa Bento 16, que anunciou sua renúncia. O único candidato que parece não contar com o apoio da Igreja é o comediante Beppe Grillo, uma das surpresas desta eleição.

O italiano Beppe Grillo, ex-humorista e fundador do Movimento 5 Estrelas (M5S). REUTERS/Giorgio Perottino/Files

Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

Se as últimas pesquisas oficiais sobre os votos dos italianos for confirmada, o vencedor das eleições nacionais será Pier Luigi Bersani, do Partido Democrático. O líder da coalizão de centro-esquerda contaria com cerca de 35% da preferência popular. No entanto, um coringa pode dar uma reviravolta na política italiana: o comediante Beppe Grillo, de 64 anos.

O partido de Grillo, chamado Movimento 5 Estrelas, acabou se transformando numa força transversal, reunindo manifestações de protesto contra a austeridade econômica e contra a corrupção, temas muito sensíveis aos italianos.

Alguns especialistas políticos acham que o partido de Grillo pode ultrapassar nas urnas o do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, magnata da mídia. O partido de Berlusconi, Povo da Liberdade, contaria com cerca de 20% à 25% das intenções de voto. Enquanto o partido “Escolha Cívica”, do economista Mario Monti, primeiro-ministro demissionário, contaria com cerca de 15% da preferência popular.

Nesta campanha eleitoral, marcada por ataques e insultos recíprocos, os principais candidatos optaram pelos estúdios de TV ao invés das praças públicas, exceto Grillo. Ele viajou pelo país com um carro de camping, fazendo o que domina naturalmente: a comunicação direta com o público. A força de Grillo também está na internet (com um blog) e nas redes sociais. O comediante detesta dar entrevistas e impede o acesso dos jornalistas ao palco em seus comícios em praça pública. Seria esta a carta do coringa?