Protesto sobre circuncisão reúne muçulmanos e judeus em Berlim

Centenas de judeus e muçulmanos protestaram neste domingo juntos em Berlim contra a sentença de um tribunal de Colônia, na Alemanha, que considerou a circuncisão de meninos uma "lesão física ilegal e sancionável", passível de processo judicial. Cristãos também participaram da manifestação que reuniu cerca de 500 pessoas na praça Bebel.

Manifestantes carregam faixa onde se lê "Finalmente a Alemanha voltou a ser um império colonial" na polêmica sobre a circuncisão.. REUTERS/Pawel Kopczynski

A incerteza jurídica em torno dessa prática milenar criou uma enorme polêmica na Alemanha, onde moram 4 milhões de muçulmanos e 200 mil judeus, duas comunidades religiosas que praticam a circuncisão.

Os manifestantes exibiram bandeiras e faixas com frases críticas à decisão judicial. Alguns acusavam a Alemanha de voltar aos tempos do "poder colonial". Outros exigiam garantias legais para poder praticar a circuncisão como parte dos ritos religiosos de muçulmanos e judeus. Alguns estados alemães, como Berlim, aprovaram medidas que permitem a circuncisão sob estritas condições.

O vice-presidente do parlamento alemão (Bundestag), Wolfgang Thierse, prometeu que os deputados debaterão o tema para aprovar uma lei que permita a circuncisão por causas religiosas. Em julho, os parlamentares aprovaram uma resolução defendendo a legitimidade da circuncisão em menores de idade como um critério de respeito à liberdade de religião.

Diplomatas alemães, inclusive o ministro das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, revelaram que a decisão do tribunal de Colônia teve um efeito desastroso para a imagem da Alemanha no exterior, principalmente pelo passado nazista do país e a incompreensão da medida em Israel e nos países muçulmanos.

O presidente da principal associação judaica alemã, Dieter Graumann, declarou ser "intolerável" que os judeus sejam vistos como "torturadores de crianças" por realizar a circuncisão nos meninos.