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Cúpula América Latina/UE

Negociação UE-Mercosul esbarra em protecionismo

O chefe do governo espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, disse hoje que as negociações entre União Europeia e Mercosul são prioridade para o bloco, mas reconheceu que as discussões são a "etapa mais difícil" da Cúpula América Latina, Caribe e União Europeia, que está sendo realizada em Madri, na Espanha.

O presidente Lula e o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero.
O presidente Lula e o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero. Reuters
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Na abertura da Cúpula nesta terça-feira, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, também mencionou a importância das discussões e afirmou que a Europa estaria "aberta para um acordo".

As negociações para um acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, interrompidas em 2004, foram finalmente relançadas ontem, em Madri, apesar da oposição de alguns países do bloco, liderados pela França, que não vê com bons olhos a abertura do mercado europeu para os produtos agrícolas sul-americanos.

Ao anunciar a retomada das negociações, Zapatero, que preside atualmente a União Europeia, disse que a medida, se aprovada, será o mais importante acordo comercial do continente europeu. Apesar das resistências, o chefe do governo espanhol garantiu que a maioria dos países do bloco são favoráveis ao livre comércio com Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. Ele não disse, entretanto, se os dez países que assinaram carta contrária à retomada das negociações, incluindo a França, aceitariam abrir suas portas para a entrada dos produtos do Mercosul.

Críticas

Ao fim do encontro nesta segunda-feira, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que atualmente está à frente do Mercosul, fez um duro discurso contra o protecionismo europeu. Disse que as negociações só foram travadas por  causa de "empecilhos" colocados pelos europeus e disse que também haverá perdas para os países do Mercosul, principalmente para o setor industrial que, segundo ela, ainda não tem capacidade de competir com os europeus.

Kirchner acredita, entretanto, que no balanço final ambos sairão ganhando. Um acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul permitiria que as exportações entre os dois blocos atingissem cerca de 5 bilhões e meio de euros, segundo José Luis Rodriguez Zapatero.

O presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva chegou ontem do Irã a tempo de participar de encontro entre União Europeia e Mercosul, realizado às margens da Cúpula América Latina, Caribe e União Europeia. Em seu discurso, Lula também defendeu o livre comércio, segundo Cristina Kirchner.

Nesta terça-feira, além de participar da abertura da Cúpula, o presidente Lula também tem encontro bilateral com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan. Lula também recebe hoje o prêmio "Nova Economia Fórum 2010 ao Desenvolvimento Econômico e à Coesão Social".

União Europeia e América Central

Ontem, a União Europeia e os países da América Central - Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá- , selaram um acordo de livre comércio, o primeiro acordo comercial dos europeus com outro bloco regional.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira, as duas regiões se dizem satisfeitas com o resultado das negociações que levaram a um acordo considerado "ambicioso".

O anúncio oficial só será feito amanhã durante a Cúpula União Europeia-América Central.  As negociações que começaram a dois anos foram concluídas nos últimos dias em Madri, à margem da sexta Cúpula de chefes de estado e de governo da União Europeia - América Latina e Caribe, aberta ontem.

França

 A Cúpula é uma ocasião para muitos encontros bilaterais. A imprensa francesa destaca hoje que o presidente Nicolas Sarkozy irá se encontrar em Madri com o brasileiro Lula. Ele pretende discutir o acordo assinado ontem pelo governo do Irã e negociado por Brasil e Turquia sobre enriquecimento de urânio e também abordar as negociações envolvendo os caças Rafale, o modelo preferido do governo Lula na licitação para modernizar a frota aérea brasileira.

Sarkozy, segundo a imprensa francesa, também pretende agradecer pessoalmente o empenho de Lula na libertação da estudante francesa Clotilde Reiss, que chegou a Paris no domingo após quase um ano presa em Teerã acusada de espionagem. Fontes diplomáticas disseram que a decisão das autoridades iranianas contemplou um pedido feito pelo presidente brasileiro.
 

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