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Brasil/ Economia

Infraestruturas e educação são desafios para Brasil, dizem empresários em Paris

A infraestrutura deficiente e a educação fraca são os principais desafios econômicos para o próximo governo brasileiro, na opinião de empresários e analistas reunidos em Paris em um evento sobre o Brasil. O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, defendeu a política monetária do país e o controle da inflação, e garantiu que a melhoria das infraestruturas “já está no foco do governo”.

Luiz Awazu Pereira da Silva pode ser o próximo presidente do BC.
Luiz Awazu Pereira da Silva pode ser o próximo presidente do BC. www.development-institute.com
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Awazu, cotado para ser o próximo presidente do Banco Central se Dilma Rousseff for reeleita, participou nesta terça-feira (13) da conferência “Brazil Business Summit”, promovido pela revista britânica The Economist. Segundo ele, apesar da onda de pessimismo em relação às economias emergentes, os investidores “estão muito mais eufóricos” em apostar em países como o Brasil.

“O Brasil está bem. Está saindo de uma percepção excessivamente pessimista e voltando para uma coisa mais normal. O Brasil teve uma fase de excesso de otimismo, mas hoje as pessoas estão vendo que o país está sólido e é capaz de atravessar esse período de transição da economia global e, particularmente, o ‘tapering’ nos Estados Unidos de uma forma tranquila”, explicou, em entrevista à RFI. Awazu se referia ao programa de aumento da liquidez aplicado nos Estados Unidos durante a crise, que está sendo pouco a pouco retirado pelo Banco Central americano, o que provoca turbulências nas economias emergentes.

“O Brasil tem fundamentos sólidos e reservas internacionais que funcionam como um colchão amortecedor da volatilidade financeira, e por isso é perfeitamente capaz de navegar essa fase de transição e, ao mesmo tempo, continuar a desenvolver a sua agenda de crescimento, desenvolvimento, investimentos em infraestrutura e educação”, observou.

Comparação com emergentes

Nos diversos painéis da conferência, com a participação de diretores de multinacionais de varejo, energia e bancos, as críticas à deficiência das infraestruturas e à mão de obra pouco qualificada no Brasil eram consenso. O sistema de transportes foi considerado um ponto crítico. “O Brasil está certamente contraindo pela falta de investimentos”, resumiu o diretor de análise de risco país da Economist, John Bowler. Ele lembrou que o Brasil investe apenas 18% do PIB, contra 30% na Índia e 21% na Rússia.

O presidente da construtora Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, afirmou que um “histórico de falta de investimentos em infraestrutura” resultou na situação atual. “Estamos com pressa para ter mais infraestruturas. Estamos na pior situação em relação a outros emergentes, como a Rússia, Índia e China, em termos de portos, aeroportos e rodovias”, disse. “Estamos perdendo uma enorme competitividade somente por causa dos transportes.”

O vice-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento), Wagner Bittencourt de Oliveira, ressaltou que, para realizar as obras necessárias, o país busca investidores estrangeiros. “Estamos sempre conversando com investidores externos porque vamos precisar de muito recurso de capital para os próximos anos. Obviamente, o capital externo será bem-vindo, e é uma oportunidade para eles”, disse. “Nós vamos a um evento em junho, em Londres, onde vamos discutir esses assuntos. A participação privada e, particularmente, internacional é muito importante.”

Mercado vital para o Carrefour

O diretor-presidente do Carrefour, Georges Plassat, também destacou o alto custo com transportes como um freio para mais investimentos no país, além da alta e confusa carga tributária. Ainda assim, Plassat destacou que o Brasil representa um mercado estratégico a longo a prazo para a rede, com a explosão da classe média.

“A emergência da classe média vai provavelmente representar um dos maiores crescimentos de consumo no futuro. É um mercado muito significativo”, ressaltou. “Comparado com os mercados dos Brics, é provavelmente o mais dinâmico atualmente.”

O Brasil é o segundo maior mercado do Carrefour no mundo, atrás da França.
 

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