Acesso ao principal conteúdo
França/Indústria

General Electric e Siemens querem comprar setor de energia da Alstom

O futuro do grupo Alstom preocupa o governo francês neste domingo (27). O ministro da Economia, Arnaud Montebourg, insistiu para que a companhia, que recebeu propostas da General Electric e da Siemens para a aquisição de seu setor de energia, examine seriamente as duas ofertas. Caso contrário, o governo francês poderia tentar se opor à operação.

O grupo americano General Electric fez uma oferta de 10 bilhões de euros para comprar o setor de energia da empresa francesa Alstom.
O grupo americano General Electric fez uma oferta de 10 bilhões de euros para comprar o setor de energia da empresa francesa Alstom. REUTERS/Stephane Mahe
Publicidade

O ministro francês da Economia, Arnaud Montebourg, adiou o encontro previsto para este domingo (27) com o presidente da companhia americana General Electric, Jeffrey Immelt. O motivo foi o interesse manifestado pelo grupo alemão Siemens. O Estado quer examinar as duas propostas com mais cuidado antes que a empresa tome uma decisão.

A proposta do grupo americano menciona a compra do setor de energia da Alstom, que se encontra em dificuldades. Já a companhia alemã entrou no jogo propondo, segundo o ministro da Economia, "criar dois campeões europeus e mundiais nos setores de energia e transporte, um em torno da Siemens e outro em torno da Alstom".

O governo francês deseja "dispor do tempo necessário a um exame sério das propostas", anunciou o Ministério da Economia. O governo "está disposto a examinar" os projetos da General Electric e da Siemens, "dois investidores importantes" na França, "com a preocupação de proteger os interesses da base industrial da França e de participar dela financeiramente", diz o comunicado do ministério.

Mesmo que o Estado não seja mais acionista da Alstom desde 2006, o governo francês, que colocou a luta contra o desemprego e a desindustrialização da França no centro de seu projeto político, pretende pesar na decisão.

O governo "será particularmente firme no que diz respeito às exigências de manutenção e criação de empregos, de investimentos e de pesquisa e desenvolvimento na França, assim como na manutenção dos centros de decisão na França", insistiu o Ministério da Economia em seu comunicado. Ele será "extremamente vigilante, pois se trata da manutenção da excelência e da independência da indústria nuclear francesa".

A discussão entre o ministro e o presidente da GE deveria girar em torno do projeto do gigante americano (305 mil funcionários em todo o mundo e 146 bilhões de dólares de faturamento, equivalente a 327 bilhões de reais) de comprar os ativos da Alstom no setor de energia. Essas divisões "Power" e "Grid", especializadas nos equipamentos para centrais térmicas, nas linhas de alta tensão ou ainda nas energias sustentáveis, representam mais de 70% da atividade da Alstom e um faturamento de 14 bilhões de euros (43 bilhões de reais).

Proposta alemã

Segundo a imprensa francesa, as negociações da GE com o grupo francês dirigido por Patrick Kron estariam bem avançadas. A transação é estimada em 10 bilhões de euros (31 bilhões de reais), e deixaria de fora o setor de transporte, que fabrica o trem-bala (TGV), motivo de orgulho dos franceses.

Mas a oferta da Siemens pode mudar o rumo das negociações. Na manhã deste domingo, o grupo alemão indicou em um comunicado ter informado a Alstom "de sua disposição de conversar sobre as questões estratégicas levantadas por uma futura cooperação".

De acordo com o jornal Le Figaro, a Siemens teria proposto à Alstom comprar o setor de energia por uma soma em dinheiro, à qual seria acrescentada "a metade de seu setor de transporte".

Essa reviravolta surpreendeu os analistas, porque quando a Alstom recebeu uma ajuda financeira há dez anos para evitar a falência, o Estado francês se opôs a uma compra pela Siemens.

O grupo alemão parece ter medo de enfrentar um poderoso concorrente na Europa, caso a GE e a Alstom se aliem no setor de energia, uma das fontes de maior lucro para a Siemens.

Mas o presidente da Alstom é oposto a qualquer aliança com o grupo alemão. Até agora Patrick Kron informou as organizações sindicais de que o grupo está em discussão "para realizar uma operação industrial", gerando preocupação nos funcionários. A Alstom convocou para este domingo um conselho de administração.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.