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Brasil/ Petrobras

Bendine na presidência da Petrobras visa “blindar” governo, diz analista francês

Ao convencer Aldemir Bendine a trocar a presidência do Banco do Brasil pela da Petrobras, a presidente Dilma Roussefff procurou um nome que protegesse o governo do atual escândalo de corrupção. Ao mesmo tempo, ela mostrou disposição em reforçar a imagem de uma empresa estatal. Esta é a opinião do cientista político francês Stéphane Monclaire sobre o novo presidente da Petrobras que deverá ter seu nome confirmado oficialmente no comando da gigante brasileira do petróleo nesta sexta-feira (6).

Aldemir Bendine foi o nome escolhido para suceder Graça Foster na presidência da Petrobras.
Aldemir Bendine foi o nome escolhido para suceder Graça Foster na presidência da Petrobras. REUTERS/Nacho Doce
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Segundo Monclaire, entre as dificuldades da presidente Dilma para encontrar um nome para substituir Graça Foster estava a limitação de opções de mulheres com competência comprovada para assumir o comando da principal empresa do país.

“Para agradar uma parte da opinião pública teria sido bom nomear outra mulher. Simbolicamente, faria sentido que uma mulher sucedesse outra para chefiar a maior empresa brasileira. Os nomes de mulheres com competência para assumir o cargo eram limitados, por isso a escolha de um homem”, disse Monclaire em entrevista à Rádio França Internacional.

Dilma Rousseff, segundo o cientista político francês, também enfrentou dificuldades em encontrar um nome para proteger o Palácio do Planalto no momento em que o país assiste atônito ao maior escândalo de corrupção envolvendo a empresa brasileira.

“A escolha foi baseada na lealdade. Ele já demonstrou, no passado, ser leal ao Palácio do Planalto ao tentar fazer no Banco do Brasil a política desejada pelo governo para tentar baixar os juros. Ele foi escolhido pela fidelidade”, argumenta Monclaire.

Outro fator a favor de Bendine, segundo o analista, foi sua imagem positiva para uma ala do Partido dos Trabalhadores (PT) e sua carreira dedicada a uma empresa pública. “Ele também é um homem que pode agradar a uma parte do PT e a uma parte da opinião pública que tem orgulho da Petrobras e gostaria que a empresa continuasse a ser estatal”, avaliou. “Bendini já enviou vários sinais de que é a favor de manter a empresa pública”, destacou.

No entanto, Monclaire ressalta que dentro do Partido dos Trabalhadores seu nome não é unanimidade. “Ele é respeitado, mas não amado no PT, já que disputou indicação de cargos públicos no passado, o que prejudicou sua imagem diante de alguns petistas. Ele não deixou uma imagem muito boa internamente”, disse.

“A expectativa é saber se Bendini continuará fiel ao Palácio do Planalto e, indiretamente, ao PT”, questiona Monclaire.

Mercado reage mal à indicação

Stéphane Monclaire tentou explicar as reações do mercado com a divulgação, pela imprensa, de que Bendine irá assumir a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster. As ações, tanto as ordinárias quanto as preferenciais, caíram mais de 7% na Bolsa de Valores após a notícia, em um sinal claro de descontentamento do mercado financeiro.

“O nome (Aldemir Bendine) não agrada aos operadores do mercado. Isso porque eles têm uma mentalidade neoliberal, gostam do setor privado e esperavam um homem aberto às ideias de uma privatização parcial, mas ampla da empresa, o que poderia livrar a Petrobras das redes e das ligações complicadas entre a política e uma empresa pública (no Brasil)”, diz o analista francês.

Para o brasilianista, as reações dos mercados poderão definir o futuro de Bendine no comando da empresa. “A Petrobras está em uma situação complicada. Ela precisa se reeguer, de ser financiada. Se as ações na Bolsa não subirem rapidamente, o crescimento da empresa e a realização de muitos projetos, como novas plataformas, ficarão muito prejudicados”, avalia.

 

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