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Brasil/Eleições

Eleição brasileira se definirá a partir da rejeição aos candidatos, diz Le Monde

O fato de que 29,3% dos eleitores brasileiros não votaram em nenhum candidato no primeiro turno é o sinal, segundo o jornal Le Monde, de que a eleição presidencial se definirá em função do grau de rejeição. Em artigo publicado na edição que chegou às bancas na tarde desta segunda-feira (20), o correspondente no Brasil, Nicolas Bourcier, também observa que as manifestações de 2013 parecem ter tido pouco impacto sobre a campanha.

"Brasil: o silêncio da rua" é o título do artigo do Le Monde.
"Brasil: o silêncio da rua" é o título do artigo do Le Monde. Reprodução
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O jornalista se baseia na soma dos votos brancos (3,85%), nulos (5,78%) e da alta abstenção do primeiro turno (19,4%), além dos depoimentos dos cientistas políticos brasileiros Carlos Lavareda, Carlos Melo e André Singer, para concluir que esta rejeição deve preocupar os dois candidatos que estão na reta final. Bourcier diz que, em tese, o país viveria a tradicional clivagem esquerda-direita, mas que a definição não consegue abarcar “o grau ou a intensidade das transformações deste país em plena mutação”. Le Monde cita as divisões no PSB, que apoia Aécio, e no PMDB, que apoia Dilma, para demonstrar como o quadro brasileiro é mais complexo.

“Difícil imaginar uma eleição mais imprevisível”, diz Bourcier. “Há apenas dois meses, Dilma Rousseff parecia estar prestes a conquistar a eleição no primeiro turno. A morte de Eduardo Campos reverteu a situação”, afirma o jornalista, destacando a subida final de Aécio Neves após o evento Marina: “Uma onda de choque colocou na disputa de forma espetacular Aécio Neves, candidato do Partido da Social Democracia, apoiado pela direita tradicional”.

Congresso menos evangélico e mais rural

Da análise dos resultados da eleição legislativa, três dados chamam a atenção do veículo francês: a redução significativa da bancada petista (de 83 para 47 deputados, os números mais baixos desde a chegada de Lula ao poder, em 2002) e da bancada evangélica (perdendo 17 cadeiras, com 53 deputados), além da impressionante ascensão da bancada ruralista, que cresceu 33%, obtendo a maioria absoluta da Câmara, com 257 deputados.

Le Monde diz que as lições do primeiro turno devem ser buscadas nas “zonas de sombra e seus silêncios”. O jornal se refere a pouca repercussão que as manifestações do ano passado tiveram no discurso dos candidatos. “Nunca o mundo político falou tão pouco da agitação social de junho de 2013. Nunca o mundo político ignorou tanto as reivindicações exprimidas em voz alta e durante longas semanas em todas as cidades do país”. O jornal lembra que apenas sete dos 25 projetos formulados a partir das manifestações foram aprovados em Brasília.

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