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Brasil x México

Manifestação em Fortaleza termina em violência com a polícia

Cerca de 10 mil manifestantes tentaram furar o bloqueio da polícia ao acesso à Arena Castelão. A PM usou balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersá-los e atingiu, inclusive, torcedores de Brasil e México que não participavam do protesto contra os gastos do governo para a realização das Copas do Mundo e das Confederações.

Violentos confrontos entre manifestantes e policiais ocorreram nesta quarta-feira nos arredores da Arena Castelão, em Fortaleza.
Violentos confrontos entre manifestantes e policiais ocorreram nesta quarta-feira nos arredores da Arena Castelão, em Fortaleza. REUTERS/Davi Pinheiro
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Gustavo Ribeiro, de Brasília, em colaboração para a RFI

Na terça-feira, véspera do jogo entre Brasil e México, em Fortaleza, cerca de 300 pessoas fizeram uma manifestação próxima ao hotel onde estava hospedada a seleção brasileira. Perto das manifestações de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, que atraíram dezenas de milhares de pessoas, o evento da capital cearense foi bem tímido. Nesta quarta-feira, entretanto, os cearenses se tornaram protagonistas da onda de manifestações que corre por todo o país. Mais de 10 mil pessoas protestaram contra os gastos para a realização das Copas do Mundo e das Confederações, entre outras pautas, em um episódio que terminou em confronto com a Polícia Militar e causou pânico nos arredores da Arena Castelão, onde o Brasil venceu o México por 2 a 0.

O confronto começou por volta das 12h30, quando os manifestantes tentaram furar o cordão de isolamento formado por policiais a cerca de 2km do estádio. Para dispersá-los, a PM utilizou bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e balas de borracha. A cena tomou ares de uma batalha campal. Sobrou até para quem não tinha nada a ver com o assunto, incluindo jornalistas e torcedores das duas seleções. O repórter do UOL Luiz Paulo Montes foi agredido pela polícia ao tentar chegar ao estádio, para fazer a cobertura jornalística da partida.

Segundo o jornalista, uma parte dos policiais conduzia alguns manifestantes para além do cordão de isolamento. Uma vez que eles ultrapassavam a barreira, eram atingidos por bombas de efeito moral e balas de borracha. O próprio Montes foi uma vítima dessa “armadilha”, segundo descreve em reportagem.

À RFI, o jornalista comentou a ação violenta da polícia. “Eu já tinha mostrado minha credencial à barreira. Quando passei, eles me acertaram uma bala de borracha nas nádegas. Eu perguntei o porquê daquilo, e eles responderam: ‘Passou, levou’. Nem questionei, pois eles estavam ameaçando outros jornalistas. Uma repórter da rádio CBN foi ameaçada; eles apontaram armas para muita gente. Uma verdadeira cena de guerra”, descreve. Os manifestantes responderam com pedradas, que feriram outros jornalistas e policiais.

No estádio, dezenas de torcedores romperam a norma da FIFA que proíbe manifestações políticas durante os jogos e empunharam cartazes contra a corrupção: “Queremos hospitais no padrão FIFA” e “Esse protesto não é contra a seleção, mas sim contra a corrupção”.

Esquema de segurança

Os protestos fizeram o governo rever o esquema de segurança para a Copa das Confederações. A Força Nacional disponibilizou cerca de 800 homens, que estão de prontidão no Ceará, Distrito Federal, Bahia, Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, 150 policiais já entraram em ação, a pedido do governo local. A Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos, ligada ao Ministério da Justiça, afirmou que a decisão é resultado da série de protestos por todo o país. O governo de Pernambuco foi o único a não pedir a ajuda da força.

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