Mantega critica no Le Monde estratégia europeia de combate à crise
Neste dia de abertura da cúpula da União Europeia, em Bruxelas, o Le Monde e cinco outros jornais europeus publicaram um suplemento especial conjunto sobre os desafios do encontro. “Como salvar a Europa” é o título do caderno que traz entrevistas com políticos e especialistas sobre as medidas anunciadas pelo bloco para superar a crise. Entre eles, o ministro da Fazenda brasileiro Guido Mantega.
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O ministro brasileiro é apresentado aos leitores como “um dos principais atores do milagre econômico do governo Lula”. Na entrevista exclusiva, ele diz que o plano de luta contra a crise proposto até agora pela União Europeia é incompleto.
Mantega, que segundo os jornais europeus é um dos raros ministros das Finanças no cargo há mais de seis anos, avalia que as medidas europeias só visam a parte visível da crise. Isto é, elas tentam evitar a falência de bancos e possibilitar o refinanciamento das dívidas soberanas.
Para o ministro brasileiro, as capitais europeias trabalham no longo prazo, centradas na redução de gastos e das dívidas, visando o equilíbrio das contas públicas. “Falta uma estratégia que permita a volta do crescimento”, ensina Mantega chamado pelo Le Monde de “grande especialista de políticas monetárias internacionais”.
“É urgente a adoção de uma estratégia que diminua a crise, que já dura 4 anos”, com a implantação, por exemplo, de um fundo europeu para investir em infraestruturas, propõe Mantega. Citando o economista Keynes, o ministro brasileiro brinca que se isso não for feito rapidamente todo mundo estará morto a longo prazo com as políticas de austeridade.
Ajuda dos Brics
2012 foi um ano perdido para a Europa, afirma Mantega. Ele lembra que medidas anunciadas, como a compra de títulos das dívidas pelo Banco Central Europeu, não foram colocadas em prática e problemas graves persistem na Espanha e na Grécia.
Por fim, o ministro brasileiro garante que a proposta de ajuda financeira dos Brics à União Europeia passando pelo FMI, de 80 bilhões de dólares, continua valendo. Mas antes o bloco tem que colocar em prática o Fundo Europeu de Estabilidade.
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