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Brasil/Meio Ambiente

Ilha no norte do Brasil é exemplo de exploração sustentável, diz Le Monde

A Ilha das Cinzas, na fronteira entre o Amapá e Pará, pode ser um exemplo do casamento perfeito entre o homem e seu ambiente, escreve o jornal Le Monde em uma longa reportagem dedicada a mostrar a exploração racional dos recursos naturais pela comunidade local.

Presidenta Dilma Rousseff entrega o prêmio de Tecnologia Social a Josineide Barbosa Malheiros, representante da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas das Ilha das Cinzas (Ataic), durante o Prêmio Finep de Inovação 2011, no Palácio do Planalto.
Presidenta Dilma Rousseff entrega o prêmio de Tecnologia Social a Josineide Barbosa Malheiros, representante da Associação dos Trabalhadores Agroextrativistas das Ilha das Cinzas (Ataic), durante o Prêmio Finep de Inovação 2011, no Palácio do Planalto. Roberto Stuckert Filho/PR
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Instalados em silêncio às margens de uma a ilha que tem aspecto de paraíso original, os moradores souberam se adaptar ao seu ambiente, escreve o enviado especial do Le Monde à Ilha das Cinzas, onde a floresta continua intacta, a água é filtrada e reciclada e a agricultura e a pesca são bem organizadas.

Mas foi longo e tortuoso o caminho para chegar a este equilíbrio, escreve o jornal, que lembrou a história do local. O interesse pela iIha começou em uma data incerta entre os anos 20 e 30 com um grupo de famílias atraídas pelo comércio de madeira e principalmente pelos recursos pesqueiros. Tudo sem títulos de propriedade nem autorização para a exploração da terra, destaca o Le Monde.

No início, os habitantes optaram pela cultura do camarão branco presente no manguezal e, para complementar a renda, começaram a extração de palmito de açaí. Mas veio a crise em 1990, diz  o jornal ao se referir à queda de produtividade do camarão e da redução do preço do açaí no mercado local.

A Ilha das Cinzas chegou a ser ameaçada com a instalação de uma grande madeireira na região que acabou fechada após um escândalo de contratos fraudulentos. Os ventos ficaram mais favoráveis a partir da Cúpula da Terra em 92, no Rio de Janeiro, quando o conceito de desenvolvimento sustentável se firmou, lembra o jornal.

A chegada de um engenheiro agrônomo que estudou a atividade agrícola da ilha foi fundamental para os moradores adotarem uma nova estratégia de exploração de seus recursos, afirma o Le Monde.

Um exemplo foi a adaptação do material usado para a criação do camarão que permitiu que eles se reproduzissem melhor, aumentando a produtividade.  O "boom" do consumo de açaí no país também garantiu melhores preços para os produtores.

Em entrevista ao jornal, um jovem nativo na Ilha das Cinzas que se formou em gestão financeira, em um curso à distância, explicou que atualmente a economia local é muito planejada e dá frutos.

O Le Monde
lembra que o modelo de desenvolvimento da Ilha das Cinzas recebeu das mãos da presidenta Dilma Rousseff, em 2011, o prêmio de “melhor inovação tecnológica e social”.

Depois de muitos anos, os moradores da Ilha das Cinzas conquistaram o direito de explorar legalmente a terra onde vivem, uma decisão simbólica que não garante o título de propriedade, mas reconhece o trabalho da comunidade, que criou uma associação para tomar decisões coletivas.

O Le Monde termina o artigo lembrando o resultado de uma experiência amarga para os moradores que decidiram vender juntos seus camarões para outras cidades. Da primeira vez funcionou e os ganhos animaram os habitantes.

O problema foi que, na segunda vez, o dono da embarcação decidiu fazer um trajeto mais longo para recolher produtos de outras comunidades e, ao chegar ao mercado consumidor, o camarão da Ilha das Cinzas já estava estragado. A culpa caiu sobre os moradores que, então, abandonaram a ideia de vender a produção coletivamente.

Os moradores não fazem mais negócios juntos, apesar de tomar decisões coletivas e explorar uma terra comum. “Um equilíbrio frágil”, admite o engenheiro agrônomo que trabalha com a comunidade da Ilha das Cinzas. Frágil como a natureza que cerca seus moradores, concluiu o Le Monde.

 

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