Brasil alerta para risco de guerra cambial
A reunião do Comitê Monetário e Financeiro do FMI, (CMFI) que está sendo realizada em Washington, neste sábado, se propõe a dar uma atenção especial ao problema dos desequilíbrios cambiais ao redor do mundo. Os estados membros do Fundo devem chegar a um compromisso sobre as taxas de câmbio, que poderia passar por um procedimento de monitoramento das moedas, sob comando do FMI.
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Os Estados Unidos, primeiro contribuidor do Fundo, pressionam para que a instituição revise os procedimentos atuais e que adote normais mais eficazes para “puxar a orelha” de países que mantenham a moeda desvalorizada artificialmente.
Em seu discurso de abertura diante do CMFI, neste sábado, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, afirmou que "uma acumulação excessiva de reservas em escala mundial leva a distorções graves no sistema monetário e financeiro internacional" , em uma alusão velada à China. Washington e os países europeus acusam Pequim de manter o yuan desvalorizado artificialmente, para beneficiar as exportações do país.
Brasil
O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, que criou tensão ao definir o problema como uma guerra cambial, disse que se a questão não for solucionada, com um acordo entre os países, poderá gerar protecionismo, criando uma "guerra comercial".
Hoje, no discurso de abertura da Assembleia, Mantega chamou a atenção para a causa do problema que, segundo ele, se deve ao fato de que a crise mundial não foi adequadamente resolvida. Ele culpou as economias avançadas e advertiu que, em alguns casos, as maiores economias do mundo precisam "retomar políticas fiscais".
Além disso, para enfrentar o problema do câmbio, o FMI e o Banco Mundial insistem na necessidade de uma ação coordenada internacional. Tanto o ministro, quanto o presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, defenderam em Washington um acordo global sobre a questão cambial.
Mas enquanto Meirelles acredita que o acordo é pouco provável a curto prazo, Mantega se mostrou mais otimista. Ele acha que é possível chegar a um consenso na reunião do G20, que será realizada no mês que vem, em Seul.
Nesse contexto, o ministro afirmou, em seu discurso de abertura, que a reforma das cotas do FMI, que pode dar mais voz aos países emergentes, "é fundamental para que o Fundo não perca força" e possa enfrentar os problemas da nova ordem mundial.
Raquel Krähenbühl
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