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Angola

Chuvas causaram pelo menos 332 mortos e 649 feridos em oito meses em Angola

De acordo com um novo balanço anunciado hoje pelas autoridades angolanas, em mais de oito meses de período das chuvas, pelo menos 332 pessoas morreram, 649 outras foram feridas, quase 19 mil famílias foram afectadas, mais de 4 mil residências foram danificadas e cerca de outras 4 mil ficaram destruídas. A Comissão Nacional de Protecção Civil anunciou quer vai aplicar uma série de medidas, nomeadamente a distribuição de bens alimentares e reforços para abrigos.

Há mais de uma semana que Luanda está a ser palco de intensas intempéries que provocaram pelo menos 10 mortos, segundo um balanço preliminar das autoridades.
Há mais de uma semana que Luanda está a ser palco de intensas intempéries que provocaram pelo menos 10 mortos, segundo um balanço preliminar das autoridades. © LUSA
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A par do balanço das vítimas e prejuízos provocados pelas intempéries que têm sido especialmente violentas nestes últimos dias, a Comissão Nacional de Protecção Civil deu conta hoje de algumas das medidas previstas no seu plano de emergência, uma estratégia através da qual se prevêem respostas de longo, médio e curto prazo. Entre as medidas urgentes, Manuel Lutango, membro do secretariado executivo da Comissão Nacional de Protecção Civil refere que está previsto "o desassoreamento das águas, distribuição de bens alimentares, reforço para abrigos, distribuições de ‘kits’ de primeira necessidade e outros factores que forem identificados pela comissão”.

Para Rafael Morais, coordenador da ONG 'SOS Habitat', tem sido feito muito pouco para prevenir esta situação. "A chuva cai todos os anos e é claro que seria importante que se corrigisse muito antes para se evitar essas mortes. Talvez haja falta de políticas no sentido de poder ultrapassar essa situação. Por exemplo, em Luanda, há muitas zonas que já vêm sendo identificadas há bastante tempo. Há inundações, há algumas casas que foram construídas em zona de risco (...) e há problemas de saneamento básico", refere o activista social.

Relativamente à situação dos milhares de famílias desalojadas devido às intempéries, o coordenador da SOS Habitat refere que tem havido igualmente problemas de antecipação em relação a estes casos. "Essas famílias construíram em zonas de reservas fundiárias do Estado, em zonas onde o Estado tem projectos para construir. Mas essas famílias estão a construir nessas zonas há bastante tempo e a administração fica a olhar durante esse tempo todo e quando está preocupado em colocar algum empreendimento, aí é que aparece e depois não notifica as famílias, não cria condições de habitabilidade para poder alojar estas famílias e, no meio disto tudo, há 'N' violações dos direitos destas famílias", denuncia Rafael Morais.

Referindo-se em particular ao decreto presidencial emitido a semana passada para viabilizar a construção de 1.500 habitações sociais, para realojar famílias que vivem em tendas e casas de chapa no Município de Viana, em Luanda, o coordenador da SOS Habitat considera que "é bem-vinda esta decisão do Presidente da República, mas a nível de Luanda, não somente são 1.500 famílias que vivem em condições degradantes", pelo que "a SOS Habitat, desde a semana passada, vem apelando o governo para poder aumentar o número de casas, fazer um diagnóstico e se necessário contactar a SOS Habitat que tem uma estatística".

Numa altura em que se continua a prever chuvas intensas para os próximos dias, Rafael Morais considera que há fortes probabilidades para aparecerem casos de cólera, bem como de paludismo."Não se espera nada diferente com essas inundações todas. Não foram feitas limpezas no tempo seco e agora que está a chover, as valas estão abarrotadas de lixo, é claro que isto vai criar muitos problemas nos próximos dias e o Ministério da Saúde que se prepare", avisa o activista social.

Segundo os dados divulgados esta segunda-feira pelo governo, a época chuvosa que dura desde Agosto do ano passado tem provocado mortos, desalojados e prejuízos materiais em quase todas as províncias, sobretudo no Huambo, no centro do país, que contabiliza um total de 54 mortos. Na capital, onde as chuvas têm sido intensas há mais de uma semana, dados preliminares apontam para pelo menos 10 mortos.

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