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Angola

Francisco Teixeira: «Fim da greve dos professores depende do Governo de Angola»

O Movimento dos Estudantes Angolanos - MEA - pede o fim da greve dos professores do ensino superior. No entanto a concretização deste objectivo depende do Governo de Angola segundo o líder do movimento estudantil, Francisco Teixeira. No próximo sábado o MEA tem uma nova marcha marcada.

O Movimento dos Estudantes Angolanos - MEA - pede o fim da greve dos professores do ensino superior.
O Movimento dos Estudantes Angolanos - MEA - pede o fim da greve dos professores do ensino superior. © Cortesia Movimento dos Estudantes Angolanos
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Há quase dois meses que os professores do ensino superior fazem greve em Angola, uma situação que se arrasta apesar de diversas reuniões entre as partes.

O Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) confirma que tem estado em contacto com a Ministra da Educação, Luísa Maria Alves Grilo.

As reivindicações estão em cima da mesa desde 2019, mas ainda não receberam resposta do Governo angolano. O aumento dos salários, bem como a atribuição de um seguro de saúde aos professores do ensino superior, fazem parte do conjunto de exigências que têm sido reiteradas em diversos movimentos de greve do sector nestes últimos anos, sem que os sindicatos tenham recebido uma resposta inteiramente satisfatória.

Perante esta situação os estudantes estão a perder a paciência e querem um regresso às aulas. No passado sábado, 15 de Abril, a marcha do Movimento dos Estudantes Angolanos foi impedida, devido à não entrega da carta a anunciar a marcha em tempo útil, segundo as autoridades.

Os responsáveis do Movimento dos Estudantes Angolanos afirmam por sua vez que entregaram essa carta.

Várias pessoas foram detidas, entre elas o líder do Movimento dos Estudantes Angolanos, Francisco Teixeira.

Em entrevista à RFI, Francisco Teixeira, admitiu que neste momento não há solução à vista para o fim da greve, lembrando aqui as exigências dos professores e dos alunos.

Estamos num ponto em que estamos como se estivéssemos numa rua sem saída. Tu chegas ao fim da rua e não sabes para onde ir. Neste momento não sabemos quando vamos regressar às aulas. O Ministério de Ensino Superior e os professores apresentaram as propostas e só o titular do poder executivo é que pode decidir sobre determinadas propostas que os professores apresentaram. Estamos a falar do seguro de saúde, do aumento de salário e da reestruturação das infra-estruturas escolares, neste caso as universidades, as faculdades. E também um maior investimento na investigação científica. Estes problemas só mesmo o titular do poder executivo é que tem poder de decisão, porque a ministra é auxiliar do titular do poder executivo. É tão relevante que só o Presidente pode resolver. A educação sempre foi uma urgência, nós sentimos isso, mas os governantes não sentem o que a gente sente”, frisou o líder do Movimento.

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Francisco Teixeira, líder do Movimento dos Estudantes Angolanos 19-04-2023

Francisco Teixeira também afirmou que o MEA promove uma nova marcha a 22 de Abril, no seguimento da manifestação de 15 de Abril durante a qual foi detido. O líder estudantil referindo que nessa data também se realizou uma marcha da Juventude do MPLA, partido no poder.

A minha família ficou com medo no sábado porque fiquei detido, sofri muita pressão, porque as autoridades não queriam que nós fossemos à rua. Isto mesmo se tínhamos cumprido com todos os requisitos normais, uma marcha. Mas a JMPLA decidiu fazer uma marcha no mesmo dia. Nós sentimo-nos agredidos por isso, porque eles decidiram fazer essa marcha depois de nós termos convocado a nossa, e no mesmo dia e na mesma hora. As autoridades pressionaram-nos, mas mesmo assim fomos à rua. Eles detiveram-me. Eu já tenho família, tenho mulher e tenho filhos. De certeza que a minha mulher, os meus pais, a minha mãe, ficaram com medo porque sabem que muitos activistas acabaram por perder a vida. Acabaram sendo agredidos ou mortos pelas autoridades. Eu vivo o momento e o medo da detenção já passou. Nós estamos a nos recompor para sábado e vamos lutando. Nós sabemos os riscos que corremos. A lei diz que, quem quer fazer uma manifestação deve informar, só informar por carta, já fizemos isso e já delimitamos espaço. Agora só esperamos que não nos criem mais confusões, que os políticos não interferem mais na vida académica. Os políticos ficam com a política e nós vamos continuar a pressionar o Governo para termos então as famosas aulas”, concluiu Francisco Teixeira.

01:05

Francisco Teixeira abordou a sua detenção 19-04-2023

Manifestação do Movimento dos Estudantes Angolanos. Imagem de Arquivo.
Manifestação do Movimento dos Estudantes Angolanos. Imagem de Arquivo. © Cortesia Movimento dos Estudantes Angolanos

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