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Morte/Padre Congo

Padre Congo: "Uma figura incontornável para a resistência do povo de Cabinda"

Cabinda – Em Angola, esta quarta-feira, têm lugar as exéquias do Padre Jorge Casimiro Congo, que faleceu há exatamente uma semana no hospital, vítima de doença. O padre Congo foi uma figura incontornável, que se bateu pela autodeterminação de Cabinda, tendo, inclusivamente, sido preso várias vezes.

Igreja (imagem de ilustração).
Igreja (imagem de ilustração). AP - Martin Meissner
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Em entrevista à RFI, o padre Raul Tati, antigo vigário-geral da diocese de Cabinda, recorda o legado deixado pelo clérigo, salientando que o padre Congo foi "uma figura incontornável" para a luta e resistência do povo de Cabinda e um "exemplo para as gerações vindouras".

"Foi uma figura incontornável para a luta e a resistência deste povo [de Cabinda], pela sua emancipação. É alguém que se bateu muito pela entidade étnica e cultural deste povo e também na perspectiva religiosa, como sacerdote. Deu tudo o que tinha para dar", começou por salientar o nosso entrevistado.

Raul Tati confirmou, pois, que o padre Congo era homem, cuja vida se confundia com a luta pela autodeterminação de Cabinda.

"Ele foi uma daquelas pessoas que mais inspirou as novas gerações sobre a consciência dessa mesma luta emancipalista do território de Cabinda. Bateu-se por isso e, portanto, muitos jovens dessa nova geração devem a ele essa inspiração, tanto que hoje estão a levar essas coisas à frente. Nós todos estamos de passagem e temos de deixar o testemunho para aqueles que vêm atrás de nós. E eu creio que, quando nós partimos, e vemos que há gente que vem atrás de nós, que tem assumido a mesma luta, a mesma pujança e com a mesma confiança, isso até nos pode dar uma morte feliz", acrescentou ainda.

Morte de Padre Congo é um "abalo sísmico" para Cabinda

Raul Tati diz ainda que a morte do padre Congo é "um abalo sísmico" porque vai deixar "um vazio enorme" e intensificar "ainda mais a orfandade que Cabinda está a viver de 1975".

"Eu dizia, há dias, que isto vai intensificar ainda mais esta orfandade que Cabinda está a viver desde 1975. Os Cabindas foram abandonados, literalmente. Temos estado aqui a lutar, nós próprios, com os nossos próprios meios, e essas figuras que davam destaque à nossa luta e ao nome de Cabinda lá fora, perdendo esse tipo de pessoas...Estamos a aumentar ainda mais esse sentimento de orfandade. Portanto, é com muita consternação que a população vai dar uma homenagem merecida a esta figura, pela sua dimensão, não só do ponto de vista de Cabinda, mas também a dimensão que ele conquistou do ponto de vista internacional", defendeu ainda.

De salientar que Cabinda é administrada por Angola, desde 1975, após ter estado sob domínio português, razão pela qual os independentistas dizem continuar a vigorar o tratado de Simulambuco, mediante o qual o enclave era um protetorado português.

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