Angola: Presidente João Lourenço acusa UNITA de incitar os jovens à desobediência civil
O Presidente João Lourenço condenou a violência ocorrida a 24 de outubro, durante a manifestação em Luanda e criticou a UNITA por ter apoiado a mesma, durante a qual segundo os organizadores morreram duas pessoas, 50 foram feridas e 387 pessoas continuam desaparecidas.
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O Presidente João Lourenço defendeu esta quinta-feira, 29 de outubro, na abertura do IV sessão ordinária do Comité Central do MPLA, o direito à manifestação, mas condenou de forma veemente os desacatos gerados na manifestação de sábado, 24 de outubro e o envolvimento directo de elementos da UNITA.
João Lourenço considerou, como "tristes" os episódios de violência verificados no contexto da manifestação, para exigir medidas contra o desemprego, contra o aumento do custo de vida e a marcação das eleições autárquicas.
O Presidente angolano reiterou que a constituição prevê o "direito à manifestação, algo que é uma realidade no nosso país, onde já tiveram lugar manifestações pacíficas, de protesto ou de reivindicação de direitos, mas não posso deixar aqui de manifestar a nossa indignação com os mais recentes e tristes acontecimentos em Luanda”.
João Lourenço disse ainda que a UNITA, maior partido da oposição angolana "deve assumir todas as consequências dos seus actos de irresponsabilidade, que podem contribuir para o aumento acentuado de novos casos de contaminação pela Covid-19”.
Para o chefe de Estado angolano, o envolvimento directo da UNITA e dos seus deputados na Assembleia Nacional, devidamente identificados, “é reprovável e deve merecer o mais veemente repúdio da sociedade angolana, que não pode permitir que partidos políticos, com assento parlamentar, incitem os jovens e a população para a desobediência civil”.
Presidente João Lourenço
A tentativa de manifestação foi abortada pela polícia, que entrou em confronto com os organizadores do protesto, designadamente o Movimento Revolucionário e o Movimento para a Cidadania, que reagiram com o arremesso de pedras, colocaram nas estradas contentores e pneus a arder e provocaram a destruição de meios da polícia.
Um dos promotores da manifestação José Gomes Hata, disse à agência portuguesa de informações Lusa, que a violência da polícia foi brutal, resultando em 2 pessoas foram mortas por balas, 50 feridas e 387 pessoas continuam desaparecidas.
José Gomes Hata, activista angolano
Os manifestantes estão a convocar através das redes sociais, manifestações de protesto em todo o país para o dia 11 de novembro, dia dda celebração dos 45 anos da independência de Angola.
O chefe de Estado angolano advertiu que “a estratégia de tornar o país ingovernável, para forçar negociações bilaterais, no atcual contexto político, em que as instituições democraticamente instituídas funcionam em pleno, não é concretizável”.
“Perante a probabilidade de réplica do que se passou em Luanda, pelo país fora, as autoridades competentes vão continuar atentas e cumprir com o seu papel de manutenção da ordem pública e fazer cumprir as medidas tomadas no quadro de calamidade pública”, disse.
Com a colaboração de Daniel Frederico, correspondente em Luanda.
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