Angola: Nuno Dala em perigo de vida
O activista angolano Nuno Dala detido no Hospital Prisão de São Paulo em Luanda, está em perigo de vida devido à greve de fome iniciada dia 10 de Março, para exigir a devolução dos bens que lhe foram confiscados aquando da sua detenção a 20 de Junho de 2015.
Publicado a: Modificado a:
Nuno Dala é um dos 17 activistas angolanos condenados a 28 de Março pelo Tribunal de Luanda a penas que vão de mais de 2 a mais de 8 anos de prisão por co-autoria nos crimes de "actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores".
Nuno Dala, professor universitário de 31 anos, foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão e dia 10 de Março iniciou uma greve de fome para exigir a devolução dos bens que lhe foram confiscados após a sua detenção dia 20 de Junho de 2015, incluindo cartões de crédito, indispensáveis para garantir a sobrevivência da sua família.
Nuno Dala recusou comparecer no tribunal dia 7 de Março em protesto contra a não devolução dos seus bens e por esta razão passou do regime de prisão domiciliária à cadeia.
Quatro activistas detidos na Cadeia de Cabocha, no Bengo escreveram dia 9 de Abril uma "nota de solidariedade e esperança" dirigida a Nuno Dala, pedindo-lhe que "interrompa a greve de fome...devido ao seu estado de saúde débil".
Gertrudes Dala, entrevistada por Carol Valade
Nuno Dala é diabético e o seu estado de saúde é preocupante mas "continua a greve de fome e está muito debilitado, apesar de já estar a receber soro pela veia...a vida dele corre perigo, há que fazer alguma coisa senão nos próximos dias não sei o que vai acontecer...é motivo de urgência pressionar para que esse governo resolva as questões que ele está a exigir e assim parar automaticamente com a greve de fome" afirma a sua irmã Gertures Dala.
Nuno Dala "só vai parar com a greve de fome quando obtiver uma procuração que permita aos seus familiares movimentar a sua conta bancária" de forma a poder continuar garantir a subsistência da sua esposa, bébé de 10 meses e irmãos "uma coisa que dá para resolver num piscar de olhos e que eles não conseguem fazer" refere ainda Gertrudes Dala.
De recordar que no ano passado o activista Luaty Beirão condenado neste mesmo processo a 5 anos e 6 meses de prisão, efectuou 36 dias de greve de fome e ao cabo do 25° foi transferido para a Clínica Girassol, sendo que Nuno Dala pede igualmente para ser transferido para uma clínica privada.
Manifestações de solidariedade para com Nuno Dala e os outros presos políticos detidos em Angola agendadas para sábado 9 de Março foram proíbidas pelas autoridades angolanas e para esta quarta-feira (14/04) está prevista em Lisboa uma manifestação frente ao Parlamento Europeu, cuja sub-comissão na semana passada pediu a "revogação das sentenças dos 17 activistas angolanos condenados com particular destaque para Nuno Dala e Nito Alves que estão em condições críticas".
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro